Pelé: único! Eterno!
Edson Arantes do Nascimento foi uma das figuras mais significativas do mundo futebolístico, se tornando o Rei do futebol

Célio Alício
Da Redação
O dia 29 de dezembro ainda não terminou e já entrou para a história da humanidade. Exatamente às 15 horas e 27 minutos veio a óbito o ser humano que na Seara do esporte foi o que mais se aproximou da perfeição. O planeta Terra parou para reverenciar a memória de Edson Arantes do Nascimento, cujo apelido “Pelé”, um substantivo, ganhou a proporção de adjetivo para denotar realeza, soberania, versatilidade e competência nas diferentes áreas da sociedade humana. O “Deus do Futebol” partiu na tarde desta quinta-feira no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
A saúde do Rei já abalada desde 2012 quando ele se submeteu a uma cirurgia no quadril devido a dores constantes que ele sentia na época. Desde então, Pelé começou a ter sua rotina modificada por episódios de internação e intervenções cirúrgicas que foram ganhando proporção e repercussão à medida que se tornavam cada vez mais frequentes. O calvário do do maior brasileiro da história chegou ao fim na tarde hoje, nas vesperais do ano novo, que se iniciará com o mundo todo em luto.
Infância
O mais completo atleta de toda a história do desporto mundial e detentor dos maiores recordes, números e marcas no universo dos esportes, nasceu Edson Arantes do Nascimento, em 23 de outubro de 1940 em Três Corações (MG), primogênito do jogador de futebol João Ramos do Nascimento, o Dondinho, e da dona de casa Celeste Arantes do Nascimento. Além dele haviam Maior, apelidado Zoca, e Maria Lúcia.
O nome Edson era uma homenagem ao norte-americano Thomas Alva Edison, inventor da lâmpada, de quem Dondinho era fã. O gênio da lâmpada certamente iluminou o futuro gênio do futebol que desde menino, nas peladas de rua já mostrava um talento descomunal para o futebol e que seguiria os passos do pai.
Aos quatro anos, ele mudou com a família para Bauru (SP) e logo começou a se destacar em equipes amadoras de da cidade até se tornar o grande craque das divisões de base do Bauru Atlético Clube. Até que um dia, o ex-jogador Waldemar de Brito, treinador do “Baquinho” (apelido do time juvenil do Bauru), o levou para fazer testes no Santos Futebol Clube. reinado estava prestes a começar.
“quem dá bola é Santos…”
A precocidade em pessoa, ele chegou ao Estádio da Vila Belmiro, em 1956. Tinha exatos 15 anos e 10 meses. De cara, agradou logo no primeiro treino e garantiu alojamento, alimentação e um salário de 6 mil cruzeiros que ele mandava todinho e religiosamente para a mãe, Dona Celeste, em Bauru.
Ele assinou o primeiro contrato profissional com o Peixe da Baixada Santista em 25 de junho de 1956, após ter jogado 30 partidas pelo clube praiano, sempre sendo o destaque e já despontando como uma grande promessa para o futebol, fato que viria a se concretizar e extrapolar as proporções só futebol e da Seara do desporto.
Sua estreia se deu no dia 7 de setembro de 1956 num amistoso contra o Corinthians de Santo André (SP) no estádio Américo Guazzelli, no ABC paulista, quando ele marcou o primeiro gol como profissional aos 36 minutos do segundo tempo. Foi o primeiro dos 1.991gols marcados pelo Alvinegro da Vila Belmiro, até Zaluar, goleiro do Corinthians, mandou após se aposentar no futebol, mandou confeccionar um cartão de apresentação com os dizeres “goleiro do primeiro gol de Pelé” impresso no cartão.
O primeiro jogo pelo Santos no Estádio Urbano Caldeira, a “Vila Belmiro” que ele tornou mitológica, foi em 15 de novembro de 1956 contra o Jabaquara pelo campeonato paulista, e que terminou com a vitória santista por 4 a 2. Ele marcou um gol.
Em 26 de abril de 1957, no estádio do Pacaembu, Pelé marcou o primeiro gol em partida oficial pelo Santos na vitória sobre o São Paulo pelo Torneio Rio-São Paulo, no Estádio do Pacaembu.
A “Amarelinha”
Nesse mesmo ano ele foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira pelo técnico Vicente Feola e estreou com a camisa canarinho contra a Argentina no dia 7 de julho de 1957 no Maracanã, pela Copa Rocca. Ele entrou no segundo tempo e marcou o gol de honra na derrota por 2 a 1 para os ‘hermanos’. Pela seleção Pelé jogou as Copas da Suécia (1958), Chile (1962), Inglaterra (1966) e México (1970). Marcou gols em todas elas e ganhou 3: na Suécia, no Chile e no México. Ele marcou 2 gols na final da Copa da Suécia contra a dona a casa e um gol contra a Itália na decisão da Copa de México.
O “Gol de Placa”
No dia 5 de março de 1961, no Maracanã, em jogo válido pelo Torneio Rio-São Paulo, ele marcou um golaço contra o Fluminense na vitória santistas por 3 a 1, depois de driblar 7 jogadores tricolores. Por sugestão do jornalista Joelmir Beting, o gol ganhou uma placa no estádio, surgindo daí a expressão “Gol de Placa”. A jogada espetacular rendeu cinco minutos de aplausos da torcida carioca no templo do Maracanã.
“Chuva de Gols” em Ribeirão Preto
No dia 21 de novembro de 1964, Pelé fez chover gols em Ribeirão Preto. Num jogo contra o Botafogo (SP) o Santos venceu por 11 a 0 e o Rei marcou 8 gols. A frequência com a qual ele estufava as redes adversárias era absurda. Não era apenas um gol, mas vários em uma única partida que fizeram dele i artilheiro da grande maioria das competições que ele participou.
Os números fenomenais
Pelo Santos, Pelé foi 10 vezes campeão paulista e artilheiro em 11 edições do “Paulistão”. Ele detém também o recorde de gols numa única edição com 58 gols em 1958. Conquistou seis campeonatos nacionais (Taça Brasil e Torneio “Robertão”) e os principais títulos da história do Peixe d Vila Belmiro, o Bicampeonato da Libertadores da América e o Bicampeonato Intercontinental ou Mundial de Clubes, amos em 1962 e 1963. No Santos ele era a estrela principal de uma companhia de grandes astros que viajou por todos os continentes e formou com os companheiros Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe o maior ataque da história do futebol.
O gol 1000
Em 1969, diante de mais 65 mil pessoas, Pelé atingiu uma marca histórica ao assinalar 1000 gols em apenas 13 anos de carreira como jogador profissional. E foi no templo do Maracanã, contra o Vasco da Gama pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o “Robertão”, numa noite de quarta-feira, 19 de novembro, dia da Bandeira, que o manto da genialidade do Rei consagrou o Maracanã como o seu templo sagrado. Quis o destino que fosse de pênalti e que o goleiro fosse um argentino, Andrada, para mostrar aos maiores rivais quem de fato reinava nos gramados. Após o gol, foram inacreditáveis 20 minutos de paralisação para que a imprensa e o público fizessem a festa ao Rei.
O adeus à Seleção Brasileira
Pelé se despediu da Seleção Brasileira Seleção em 18 de julho de 1971 no empate de 2 a 2 com a Bulgária, no templo onde ele reinou absoluto: o Maracanã. Pela “Amarelinha” deixando um saldo de 95 gols em 114 jogos entre oficiais e amistosos.
A despedida do Santos
Pelé se despediu do Santos no dia 2 de outubro de 1974, na Vila Belmiro contra a Ponte Preta na Vila Belmiro. Seus números na Vila Belmiro são espetaculares: foram 288 gols em 210 jogos com 172 vitórias, 19 empates e 19 derrotas.
Os números insuperáveis
De 1956 até sua despedida do futebol, em 1977, foram 21 anos em que o Rei vestiu o manto alvinegro santista em incríveis 1.116 jogos. Marcou 1.283 gols em 1.367 jogos pelo Santos, Seleção brasileira, Seleção das Forças Armadas e o Cosmos de Nova York.
Após se despedir do futebol pelo Santos, em 1974, Pelé jogou pelo New York Cosmos, (NY) de 1975 a 1977, com a missão de popularizar o futebol nos EUA ao lado de craques como Carlos Alberto Torres, Franz Beckenbauer, Johan Neeskens, Giorgio Chinaglia e outros. No Cosmos, Pelé marcou 64 gols em 106 partidas e deu 30 assistências, e foi campeão norte-americano, em 1977.
A despedida do Cosmos e do futebol
No dia 1º de outubro desse ano, ele se despediu em definitivo do futebol, justamente contra o Santos. Foi uma festa em que o Rei jogou o 1º tempo pelo time norte-americano e o 2º tempo pelo Alvinegro Santista que sofreu um gol de Pelé e que segundo o clube foi o gol mais feliz que o time sofreu.
Em toda a sua carreira, Pelé conquistou mais de 40 títulos, sendo os mais importantes o bicampeonato da Libertadores e o Mundial de Clubes ou Copa Intercontinental, ambos em 1962 e 1963 pelo Santos, e as três Copas do Mundo pela Seleção Brasileira.
Majestade incontestável
Não há mínima dúvida que Pelé é o maior atleta da história da humanidade, tanto pelos feitos que cometeu em mais de duas décadas de atuação futebolística nos estádios de todo o planeta, quanto pela precocidade e pela regularidade, por ter mantido durante toda a carreira uma performance de alto nível sendo perenemente o ponto fora da curva ela longevidade com que mantém intacto seu reinado no futebol.
Enfim, Pelé é um negro que triunfou no seio de uma sociedade racista e se transformou no maior jogador de futebol de todos os tempos. E se a perfeição é uma prerrogativa divina, Pelé foi, sem dúvida, o ser humano que no esporte foi o ser humano que mais se aproximou da perfeição.
E o Edson Arantes do Nascimento, o homem que emprestou seu corpo para que o deus do futebol o invadisse e atuasse nos gramados dos estádios de todo o plante. O Edson, ou Dico, pra família e o mais íntimo, tem certidão de nascimento, CPF e carteira de identidade e é um cidadão comum. O Pelé, espírito que ele carrega consigo, é um mito, um herói mitológico, o deus do futebol.
Curiosidades de um Rei
– Em julho de 1968, em amistoso entre o Santos e a seleção olímpica da Colômbia, em Bogotá, Pelé foi expulso do jogo pelo árbitro Guillermo “Chato” Velásquez e devido à revolta e pressão da torcida e dos organizadores do jogo, ele voltou e o árbitro foi simplesmente substituído;
– Em 1969, numa excursão do Santos pela África, Pelé com sua arte parou até uma guerra no Congo Belga.
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