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Vila foi ‘transplantada’ do Marrocos

A história do lugar marca um capítulo pouco conhecido do Brasil Colonial



 

A história do lugar marca um capítulo pouco conhecido do Brasil Colonial, quando uma colônia portuguesa no Marrocos, na África, foi desativada e transferida para a Amazônia brasileira. Os primeiros habitantes, aproximadamente 160 famílias, chegaram na região em 1769, após longa jornada de barco. E aportarem alguns dias em Belém (PA). A vila de Nova Mazagão – hoje Mazagão Velho –, que fica a aproximadamente 70 quilômetros da capital, Macapá, foi fundada em 23 de janeiro de 1770, pelo rei de Portugal dom José I.
A vila é conhecida pelo seu calendário anual de festas tradicionais e religiosas. A maior delas, a Festa de São Tiago, realizada há 237 anos, misturando cavalhada, sincretismo religioso e teatro, no período de 16 a 28 de julho.

Em 2003, a “cidade perdida” das primeiras construções de Mazagão Velho receberam trabalhos de escavação da equipe do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em convênio com o governo do Amapá. As pesquisas resultaram na descoberta das ruínas de uma igreja que data da fundação da vila e 52 ossadas dos primeiros moradores da região, enterradas nos alicerces. A igreja mede 40 metros de comprimento e 12,8 metros de largura, chegando a 17,9 metros onde ficava o altar-mor. A igreja foi abandonada porque acabou tombando. É uma igreja muito grande, sobretudo para a época.

“Essa diferença de tamanho onde ficava o altar se dá porque, naquele tempo, a Igreja Católica trabalhava com certo misticismo. A entrada do padre, por exemplo, era algo triunfal”, explicou o professor da pós-graduação em história da UFPE, Marcos Albuquerque, coordenador do Laboratório, na ocasião da descoberta.

Sobre os restos mortais descobertos na fundação, Albuquerque acredita se tratar de um povo heroico, entre eles, militares, já que além das ossadas foram encontrados botões de fardas e cruzes de malta, condecorações portuguesas da época. Após se fixar em Mazagão, grande parte dessa população foi dizimada por doenças tropicais, para as quais não estava preparada, numa história ainda cheia de pontos obscuros.


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