Nota 10

A Banda, o maior espetáculo do Carnaval amapaense, completa 58 anos

Da brincadeira ao Rei Momo à forma séria de se aproximar do público, o bloco de sujos é Patrimônio Cultural de Macapá e Patrimônio Imaterial do Estado do Amapá


 

Douglas Lima
Editor

 

A Banda, o maior bloco de sujos do norte do Brasil, é tão boa que oficialmente é Patrimônio Cultural de Macapá e Patrimônio Imaterial do Estado do Amapá.

 

Não é pra menos. A Banda arrasta no Carnaval aproximadamente duzentos mil foliões pelas principais ruas da área central de Macapá. Essa fulgurante denominação entre os súditos do Rei Momo completa 58 anos em 2023.

 

A Banda nunca deixou de sair no Carnaval macapaense. As exceções foram 2020 e 2021, por causa da pandemia. Pra compensar um pouco, no ano passado desfilou, à moda micareta, em julho, fechando a programação do Macapá Verão.

 

 

O maior bloco de sujos da região setentrional brasileira teve origem em 1965, quando o então governo militar estava há um ano no poder com todas as suas exceções impostas à vida nacional. E foi por causa de uma dessas exceções que A Banda veio pra ficar.

 

Conta José Figueiredo de Souza, o Savino, que um grupo de 15 amigos, na Terça-feira Gorda de Carnaval de 1965, brincava na sede do Amapá Clube, quando um deles, Amujacy Alencar, teve a ideia de irem para a festa de carnaval organizada pelo governo do então Território Federal do Amapá.

 

Os amigos foram barrados por guardas territoriais, obedecendo  ordem do governador na época, general Luiz Mendes da Silva. Ali nascia A Banda, título inspirado na composição homônima de Chico Buarque de Holanda, que na ocasião era a música carro-chefe do então candidato a deputado federal, Janary Nunes.

 

Barrados na festa do governo, o grupo de amigos resolveu voltar para o Amapá Clube, continuando a brincar, mas combinados de que no próximo ano iriam sair pelas ruas e avenidas como bloco organizado. Dito e feito: os tais amigos saíram no Carnaval seguinte com o detalhe de que também com eles desfilaram mais de cem pessoas.

 

E desde aí o séquito da A Banda foi aumentando, ano a ano, até à grandiosidade de hoje com cerca de duzentas mil pessoas rendendo homenagem ao Rei Momo com as mais exóticas e extravagantes indumentárias, e até escrachadas. Coisa rara de acontecer por aí, o índice de violência por onde passa o bloco é praticamente zero.

 

A Banda caiu tão bem no gosto do público, que ainda hoje atrai até famílias inteiras que gostam de brincar no Carnaval. São crianças, jovens, adultos e velhos a acompanhar os bonecos gigantes que são os ícones do bloco de sujos: Chicona, Anhanguera, Iracema, Wanderlei, Ari e Cutião, entre outros, homenagem a pessoas que de uma forma ou de outra foram importantes para o sucesso da história da agremiação..

 

Da brincadeira carnavalesca à uma forma séria de se aproximar do público, em 1977 A Banda passou a ter personalidade jurídica. Tornou-se uma associação hoje com sede própria e oferecendo vários serviços sociais, também ostentando a distinção de ser Patrimônio da capital amapaense e do estado.

 

Mil parabéns!!!

 


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