Nota 10

Antônio Munhoz, Cidadão do Mundo

Antônio Munhoz Lopes era nossa biblioteca mundial da diversidade.


Wellington Silva – Jornalista e historiador
Especial para o Diário

Cidadão do mundo, mestre das letras, educador de gerações, conselheiro cultural, pesquisador incansável, consultor e consultado. Antônio Munhoz Lopes era nossa biblioteca mundial da diversidade. Tinha uma grandiosa e irrequieta capacidade de acumular informações de culturas diversas. Era portador de um patrimônio intelectual que hoje poucos se interessam, porque não dá dinheiro: muitas, muitas leituras acumuladas e uma diversidade invejável de visões culturais de mundo.

Cadeira cativa do então Programa É Domingo, na Rádio Diário FM, capitaneado por Douglas Lima, Munhoz tinha uma incrível capacidade de construir textos e transportar o ouvinte às suas viagens ao Egito, Israel, Grécia, China, museus, o Louvre, pinacotecas famosas, detalhes de históricas obras de arte, etc..

Antônio Munhoz Lópes nasceu em Belém do Pará no dia 10 de fevereiro de 1932. Filho de José Ayres Lópes e de Izabel Munhoz Lópes. Veio para o Amapá em 1959, aqui dedicando quase seis décadas de sua vida ao magistério, à história, literatura, poesia e música. Estudou filosofia, temporariamente foi seminarista e acabou enveredando na advocacia após bacharelar-se em Direito. Quando chegou ao Amapá, foi para ocupar o cargo de delegado do antigo Dops, a Delegacia de Ordem Política e Social. Sua ligação com o magistério deu-se após formação em Letras, graduação que lhe permitiu lecionar no Colégio Amapaense, Escola de Arte Cândido Portinari, Universidade Língua Latina e Conservatório Amapaense de Música.

Em 1969, recebe o título de ‘Mestre do Ano’, entregue pelo governador Ivanhoé Gonçalves Martins. Em 1987 recebe diploma de Honra ao Mérito, concedido pela Câmara Municipal de Macapá. Depois, é consagrado ‘Destaque 1988’. Durante o I Congresso Internacional de Magistrados da Amazônia recebe o Colar do Mérito Judiciário. Em 2003, a Assembleia Legislativa do Amapá lhe outorga o título de ‘Cidadão Amapaense’. Em 2008, a Universidade Federal do Amapá lhe homenageia com a Medalha do Mérito Universitário. No período de 1985 a 1989 foi membro do Conselho de Cultura do Amapá. Também era membro da Academia Amapaense de Letras. Era presença indispensável nas solenidades da Academia Amapaense Maçônica de Letras (AAML).

Quando completou 80 anos, em 2012, assim se reportou ao conhecido escritor Paulo de Tarso:

“Foi a partir da minha chegada a Macapá que a minha vida passou a ter um sentido maior. No mais profundo de mim mesmo, tenho medo da morte porque ainda amo a vida, com o que ela tem de bom e bela. O que sou hoje, e tudo que vi e vivi, devo aos amapaenses, embora nada tenha recebido de graça. Tudo que fiz na vida, até agora, foi fruto do meu trabalho, do meu esforço, do meu suor”.


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