Nota 10

Derrubada do mastro e passagem para novos festeiros encerram Ciclo do Marabaixo 2022

Programação teve apoio do Governo do Amapá, através da Secult e Fundação Marabaixo.


Fotos: Gabriel Penha

“A sensação é de dever cumprido. Foi uma programação extensa, mas feita com toda a dedicação e respeito à memória de nossos antepassados e com muito compromisso com a nossa cultura!”. Foi assim que Valdinete Costa, uma das coordenadoras do grupo Berço do Marabaixo, definiu, no barracão Tia Gertrudes, na Favela (bairro Santa Rita, em Macapá), o encerramento do Ciclo do Marabaixo 2022, neste domingo, 19.

No chamado Domingo do Senhor – primeiro domingo após a celebração de Corpus Christi – a derruba dos mastros e a passagem para os novos festeiros marca o encerramento do Ciclo do Marabaixo, segundo a tradição.

E no último dia da edição 2022 teve caixa rufando e saias rodando nos barracões Berço do Marabaixo, Raízes da Favela (Dica Congó), Marabaixo do Pavão e Raimundo Ladislau (Tia Biló). A comunidade de Campina Grande, na zona rural, antecipou seu encerramento para o sábado, 18.
No barracão Raízes da Favela, a coordenadora Elísia Congó também exaltava o marabaixo como cultura e resistência. E aproveitava para agradecer à Santíssima Trindade por mais um ano realizando a nossa mais autêntica manifestação cultural.

Já no barracão do Marabaixo do Pavão (bairro Jesus de Nazaré), quem fazia o diferencial nas rodas eram as crianças. Tocando caixas ou rodando as saias, deram um colorido especial à festa, para alegria de Mônica Ramos, filha do saudoso Mestre Pavão, que deixou sua contribuição e legado para o fortalecimento da cultura do marabaixo.

Perto dali, na rua Eliezer Levy, no bairro do Laguinho, a euforia também dava a tônica da festa no Barracão Tia Biló, no grupo Raimundo Ladislau. A emoção foi por conta de ser o primeiro ano de Ciclo do Marabaixo sem a matriarca da família, Benedita Guilherma Ramos, a tia Bioló, falecida em setembro de 2021 aos 96 anos.

“É uma alegria poder dar continuidade a esse legado”, definiu Laura Ramos, neta de tia Biló. Ao microfone, o filho dela, Yuri Soledade, mandava ver nos ladrões, versos que retratam o cotidiano de quem vive a cultura marabaixeira.

“Mais um ano que o Governo do Estado cumpre seu papel de apoiar a cultura do marabaixo. É nossa maior manifestação cultural, e um patrimônio que já não é só do Amapá, mas de todo o Brasil”, avaliou o diretor-presidente da Fundação Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Feppir-Fundação Marabaixo), Joel Nascimento Borges.

A extensa programação do Ciclo do Marabaixo 2022 iniciou no Sábado de Aleluia, no dia 6 de abril. Depois de dois anos, voltou a ser realizado de forma presencial.

 

Apoio
Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2018, o Ciclo do Marabaixo recebe apoio do Governo do Estado, com investimento de R$110 mil, através da Secretaria de Cultura (Secult), divididos igualmente entre os grupos realizadores.

A programação também recebeu apoio institucional da Fundação Estadual de Promoção da Igualdade Racial, a Fundação Marabaixo, órgão que substitui a extinta Seafro.


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