Nota 10

Devoção e fé marcam V Festival de Iemanjá

O evento aconteceu na noite do último domingo, 2, no distrito de Fazendinha.


Dar visibilidade às religiões de matriz africana. Este é um dos objetivos do V Festival de Iemanjá, celebração em homenagem a um orixá do Candomblé, cultuado na Umbanda e na Mina, realizado pela Prefeitura de Macapá e Federação dos Cultos Afro-religiosos de Umbanda e Mina Nagô (Fecarumina). O evento aconteceu na noite do último domingo, 2, no distrito de Fazendinha.

No dia anterior, 1º de fevereiro, houve uma carreata em louvor à rainha do mar, que saiu do Trapiche Eliezer Levi e percorreu ruas e avenidas da capital até o distrito. Do início ao fim do trajeto, ogãs e abatazeiros tocaram atabaques e entoaram canções à homenageada.


O azul claro e o branco eram as cores predominantes do festival, o qual pessoas de todas as idades podiam comparecer, participar e mostrar devoção à Iemanjá. A imagem trazida pela carreata estava enfeitada com rede de pesca, uma rede semitransparente em volta, velas e garrafas de champanhe, entre outros elementos de oferendas. Atrás da estátua, o bolo em tributo a ela marcou um dos momentos do festival.

Sacerdotes, sacerdotisas, filhos e filhas de santo também estavam presentes em tendas. O evento teve a presença de 45 membros de trinta terreiros de Umbanda, Candomblé e Mina Nagô. Grupos de capoeira também participaram da festa.


Após a abertura oficial do evento, feita por Maykom Magalhães, diretor do Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Improir), que na ocasião representava o prefeito Clécio Luís, babalorixá Pai Salvino e Ialorixa Iolete, aconteceu o corte tradicional do bolo da Rainha do Mar. Momentos depois, começou uma roda de dança acompanhada por doutrinas e toques de atabaque.

“O que o poder público municipal pode fazer para desconstruir essa imagem ‘do mal’ e estigmatizada das religiões de matriz africana é dar visibilidade a um festival como esse. De vez em quando, nossa cerimonialista Josilana no palco apresenta informações e termo usados nessas religiões. Combater a intolerância religiosa também é um dos objetivos da gestão municipal ao realizar essa celebração”, disse Maykom Magalhães.


“Comecei com treze anos por meio de uma incorporação. Fui a um curador e ele me disse que não era espírito, era uma manifestação de incorporação das entidades”, revelou o pai de santo Salvino, que tem um terreiro no bairro Pedrinhas. “Fizeram a cura espiritual em mim, passei a ser pajé na cura da pena e maracá. Depois fui para a Umbanda, de caboclos. Passei pela Mina Nagô e hoje estou no Candomblé. Essa é minha história. Com essa força que o prefeito Clécio está dando para nós, mostrando nossa religião à sociedade, ficamos muito gratos com isso, é importante para nós. Precisamos do apoio sim dos governantes”, afirmou.

Chegada a hora das oferendas. Os terreiros e devotos de Iemanjá agruparam-se às margens do rio Amazonas para ofertar seus presentes: barcos com flores, buquês e champanhes. “Eu vou saudar minha rainha”, dizia um dos versos da música entoada no momento.

“Sou do Rio de Janeiro e estou surpresa por haver um Festival de Iemanjá aqui, no Amapá. Estou muito emocionada e impressionada, pois sou filha e devota de Iemanjá”, contou Lívia Abdala, turista. “Nunca imaginei que tivesse uma festa de axé tão bonita, grande e organizada. Estou encantada!”.

Fotos: Henrique Silveira


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