Macapá comemora 267 anos com vasta programação
Será um dia inteiro de manifestações culturais e religiosas, torneio de esportes e shows nacionais

Nesta terça-feira, 4 de fevereiro, Macapá completa 267 anos de história. Com o tema “Macapá, tão bom te amar”, a Prefeitura Municipal montou uma programação em vários locais da capital para comemorar esse dia tão importante.
Os festejos começaram um pouco mais cedo, no dia 2 de fevereiro, com o Festival de Iemanjá, no recém-inaugurado Trapiche Eliezer Levy, em frente ao Rio Amazonas.
Na manhã desta segunda-feira, 3, a programação contou com Seminário sobre Desenvolvimento Econômico. Enquanto isso, o Mercado Central é palco de uma programação cultural com exposição de artistas locais e a Feira Macapá Criativa, em que serão comercializados artesanatos, comidas e bebidas. Pela noite, a vez do culto em comemoração ao aniversário da cidade, no Batistério Municipal.
Já para os apaixonados por futebol, a Prefeitura faz uma grande transmissão por um telão na Praça Jacy Barata Jucá do jogo entre Botafogo e Flamengo, que disputam a final da Super Copa.
No dia 4, as comemorações iniciam com a corrida de aniversário da cidade, que também contará com um percurso especial para as crianças, e a tradicional Missa de ação de graças, na Catedral de São José. Em frente à igreja, também acontece o Encontro das Bandeiras e o corte do bolo, que nesse ano, terá 50 metros de comprimento.
Além disso, durante todo o dia, será realizada uma extensa programação esportiva em diversas modalidades como ciclismo, skate, bike cross, futvôlei, vôlei de areia, hand beach, beach tênis, basquete, tutsal, vôlei de quadra, futlama, crossfit, powerlifting e tiro ao arco PCD.
Às 16h, o Parque Meio do Mundo receberá o evento Super PCDinhos, voltado para crianças com deficiências.
Durante a noite, a Jacy Barata será palco do grande show do cantor Belo, um dos principais nomes na cena nacional do samba e pagode, que comemora 30 anos de carreira. Já pra quem curte um rock doido, a animação ficará por conta do DJ Gigio Boy.
História
A história de Macapá é traçada a partir de disputas das potências europeias, que desejavam dominar a região amazônica, principalmente pela foz do grandioso rio Amazonas, representada na época como ponto estratégico, tanto econômico como geopolítico.
O controle era primordial para a realização da política exploratória na porção norte do território, como explica o professor e historiador, Marcelus Buraslan, que atua há anos ensinado a história do Amapá para os estudantes.
“O início das disputas se deu com o Tratado de Tordesilhas, assinado entre Portugal e Espanha. O acordo não foi aceito pela França, Inglaterra e Holanda. A preocupação com as invasões estrangeiras era tão grande que, durante a União Ibérica, que consistia na unificação das coroas espanhola e portuguesa, no reinado de Felipe IV, foi criada a Capitania do Cabo Norte, em 1637, primeira delimitação política e geográfica do atual Estado do Amapá”, contextualiza o professor.
A região, que consiste na atual cidade de Macapá, surge a partir de um destacamento militar instituído em 1738. Nesta época, as terras eram dominadas pela coroa portuguesa, desta forma o local se torna um povoado em 1751, com um assentamento de famílias de colonos portugueses.
“No início do reinado de Dom José I, em 1750, é nomeado para primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, responsável por mudanças na colônia, em especial na Amazônia. Em resumo, ele manda para cá o seu irmão, Mendonça Furtado, que, ainda em 1751, já planejava elevar o local à condição de vila, como projeto maior e mais audacioso, a construção de uma fortificação”, explica Buraslan.
No dia 4 de fevereiro de 1758 é criada a Vila de São José de Macapá, pelo então governador do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Um contexto favorável, visando a defesa do espaço lusitano na Amazônia. Nesta época, a população sobrevivia da pesca, da agricultura, do comércio e das drogas do sertão.
Ao contrário da maioria das colônias que surgem a partir de uma fortificação, a vila de São José vem anterior à Fortaleza. Os estudos históricos apontam que a primeira construção seria a Igreja de São José de Macapá, inaugurada no dia 6 de março de 1761, localizada atualmente na zona central da cidade.
“Existe uma teoria que o Marquês de Pombal planejou a Vila de São José em um plano que se chama de ortogonal, com isso as ruas se cruzam, sendo paralelas e perpendiculares. Projetada para atender essa perspectiva militar, a vila foi desenhada no entorno do que hoje conhecemos como as praças Veiga Cabral e Barão do Rio Branco. Toda região do atual centro comercial era alagada, até às proximidades do Mercado Central”, descreve o historiador.
A fortificação cumpriu o seu papel, pois estava inserida no planejamento de militarismo na Amazônia. “Ela foi construída na foz do rio Amazonas devido à localização geográfica, pois seria o maior problema que os portugueses poderiam ter. Ou seja, assim eles impediram que os intrusos adentrassem e conquistassem todo o vale amazônico. Nunca entrou em combate, mas assustou e muito”, destaca Buraslan.
“No entanto, morreu em 1777 o rei Dom João I. Quem assumiu foi a filha, Maria I, conhecida como rainha louca. Por ser muito religiosa, acabou sendo influenciada pela igreja, destituindo o Marquês de Pombal, tirando o seu cargo e expulsando de Lisboa. Todo o projeto pombalino na Amazônia é abandonado, inclusive a fortaleza. A vila de São José fica à própria sorte”, explica o historiador.
No século 19 Macapá estava inserida no quadro amazônico marcado pelo extrativismo. O contexto da época era o Brasil Império. O fato histórico mais notável ocorreu em 6 de setembro de 1858, com a elevação da Vila de São José à categoria de cidade, intermediada pelo então tenente-coronel Henrique Rolan.
Território Federal do Amapá
Criado em 13 de setembro de 1943, durante o governo do presidente Getúlio Vargas, o Território Federal do Amapá integra a história de Macapá, que volta a ganhar notoriedade, sendo elevada à capital do então território, em 1944. Nessa época, a região era governada pelo militar Janary Gentil Nunes.
Segundo o jornalista Reginaldo Borges, a característica de governo era de caráter híbrido, com autoritarismo e populismo. O governador Janary Nunes foi responsável pela infraestrutura da cidade, com a construção de escolas como o Alexandre Vaz Tavares, Santina Rioli, Colégio Amapaense, além do Hospital Geral.
Macapá de hoje
Cultura, religiosidade e tradição fazem parte da história de Macapá. Situada na região norte, a cidade do meio do mundo é a única capital brasileira cortada pela Linha do Equador, que divide os hemisférios norte e sul.
O jeito simples, os costumes e o acolhimento do povo macapaense são eternizados nas composições da terra. O imaginário amazônico é riquíssimo em narrativas. Desta forma, as manifestações culturais, como o marabaixo e batuque, sobrevivem repassados para gerações seguintes.
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