Nota 10

Manoel Cordeiro e a música paraense

No dicionário de Aurélio Buarque de Holanda o verbete é categórico: brega é aquilo de qualidade inferior, um adjetivo que está aí pronto para ser usado toda vez em que se considerar algo de mau gosto ou sem refinamento



 

No dicionário de Aurélio Buarque de Holanda o verbete é categórico: brega é aquilo de qualidade inferior, um adjetivo que está aí pronto para ser usado toda vez em que se considerar algo de mau gosto ou sem refinamento. Mas no norte e no nordeste do Brasil, brega não é nada disso. “Não ligamos muito para essa conotação negativa porque para a gente brega é um jeito de dançar muito legal. É uma música animadinha que é só tocar que a gente sai dançando”, redefine Manoel Cordeiro, um dos expoentes da música do Pará.

E que nos perdoe a família Buarque de Holanda, mas o Cordeiro provavelmente é mais qualificado pra falar sobre o assunto. O filho do maestro Manoel, Felipe Cordeiro, que em 2011 lançou o CD “Kitsch Pop Cult”, é referência da atual cena musical do estado paraoara. Manoel é um caso à parte. Ele estava lá quando Pinduca começou a dar uma forma à lambada e quando Alípio Martins e Beto Barbosa divulgaram o ritmo para todo o Brasil.

O músico conta que no começo brega era um lugar, geralmente na periferia da cidade, bem popular, onde aconteciam festas com a trilha sonora baseada em ritmos caribenhos, como kúmbias, merengues e rumpas. Até hoje é assim, quando toca uma canção brega ou um carimbó e o cara não sabe dançar, ele corre o risco de perder a moça.

Manoel, particularmente, participou mais dos trabalhos de Alípio Martins e Beto Barbosa. Se Pinduca tinha influência das kúmbias da Bolívia, Alípio pesquisava mais os sons da Guiana Francesa, enquanto Barbosa tinha clara influência do samba. mas tudo tinha o carimbo pelo meio.

Vindo de uma formação de violão clássico e de MPB, Manoel Cordeiro, só começou a se envolver mesmo com a produção da lambada no início dos anos 1980. Ele montou uma equipe de estúdio, usada por cantores que queriam gravar um disco, mas não tinham banda. “Era eu e mais três músicos, o Júnior na bateria, o Neca no contrabaixo e o maior guitarrista que eu já vi tocar na minha vida, Evandro Barata, meu irmão, mas não é porque é meu irmão não, é porque ele tocava mesmo. Afirma o maestro. E finaliza dizendo que hoje a música brasileira está tendo a cara da Amazônia, invadindo o país e mostrando esse novo som e ritmos que são desconhecidos ou novos para muitos.


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