Nota 10

‘Velho do Rio’, pés e esperança fincados no Quilombo do Curiaú

Eduardo da Silva Ramos é um exemplo de amor e reconhecimento aos pais, à família e à faina na agricultura cultivada e coletada na região do Quilombo do Curiaú, cotidianamente tendo que viajar numa rabeta cerca de meia hora para a roça, e o mesmo tempo pra voltar para casa


 

Costa Filho
Da Redação e TV Diário

 

A vida do seu Eduardo da Silva Ramos é o retrato falado e escrito de uma herança de agricultura familiar raiz que vem do pai e que agora aos poucos ele vai passando para o filho.

 

 

Hoje aos 60 anos de idade, desde os 20, todos os dias, até aos domingos e feriados, seu Eduardo, na região do Curiaú chamado o ‘Velho do Rio’, sai de casa cedinho, antes do Sol nascer, para durante meia hora, numa rabeta, chegar à plantação da família, onde ele cultiva e colhe frutos como o açaí, banana, laranja e limão.

 

Nessa atividade é que seu Eduardo sustenta a mulher e os filhos, entre eles o Gêison, de 35 anos, que dá uma mãozona ao pai com a finalidade de um dia assumir de vez a plantação, quando o Velho do Rio perder as forças.

 

 

Eduardo Ramos, paralelamente à labuta na agricultura, conta histórias curiosas sobre a extensão do rio Curiaú, por onde ele vai de casa e volta, todo santo dia. Diz, por exemplo, que num determinado lugar da estrada de água o primeiro governador do Amapá, Janary Nunes, chegou a tomar banho com a família. Por causa disso, os raros moradores da região batizaram o ponto de ‘Banheiro do Capitão’.

 

Eduardo também diz, batendo o rio com uma vara de pau e atingindo, no fundo, um material sólido, parecido pedra compacta, que isso pode significar que no local há ouro e talvez até petróleo.

 

 

O Velho do Rio, para fazer a peconha com a qual sobe no açaizeiro, usa a fofoia, folha da própria planta. Hábil, ele chega até a pular de um açaizeiro para o outro, como um moleque brincando de Tarzan. Mas não esquece que tudo isso aprendeu com Pedro Cecílio, marido de dona Maria Leonor, o pai e a mãe, pessoas com quem aprendeu a fincar os pés e a esperança no Quilombo do Curiaú.

 


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