Após 8 meses, corpos de 3 brasileiros mortos em naufrágio na Guiana Francesa chegam em Oiapoque
Os corpos estavam na geladeira da Polícia Científica francesa desde agosto de 2021 enquanto tratativas eram realizadas para liberação dos cadáveres. Um deles não foi reconhecido.

Elden Carlos
Editor-chefe
Após 8 meses do naufrágio de uma embarcação clandestina que vitimou 20 pessoas na foz do rio Approuague, no cabo Pointe Béhague, Guiana Francesa, sendo a maioria brasileiros, chegaram nesta sexta-feira (22), em Oiapoque, distante 590 quilômetros da capital, Macapá, os corpos de Ruan Pablo da Silva Pereira, 14 anos, Ronildo Ramos Figueiredo, 38 anos, e de um terceiro homem que não foi identificado por falta de material genético comparativo. Ele foi sepultado como indigente. Os corpos estavam na geladeira da Polícia Científica francesa enquanto tratativas eram realizadas para liberação dos cadáveres.
A presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) da Assembleia Legislativa do Amapá (Alap), deputada Cristina Almeida (PSB), intermediou junto às autoridades francesas para que houvesse a liberação dos corpos e autorização para o translado até município fronteiriço do Amapá. A parlamentar lembrou a burocracia para esses casos, mas afirmou que a cooperação mantida entre o Amapá e a Guiana Francesa permitiu que as famílias das vítimas do lado brasileiro pudessem dar um enterro digno aos seus entes queridos.
Emocionada, Frenice Ramos Corrêa, mãe de Ronildo Ramos, disse estar agradecida e aliviada por receber o corpo do seu filho para um enterro digno em seu país. “Agradecer em primeiro lugar a Deus, por receber o corpo do meu filho. E, a tantas pessoas que foram importantes nessa luta”, declarou a mãe de Ronildo, lembrando das inúmeras viagens realizadas pela deputada Cristina até Brasília, onde tratou do caso com o Itamaraty.
Já Valdenora da Silva Ferreira, mãe de Ruan Pablo, disse que a angustia de não poder sepultar o corpo do filho estava lhe consumindo durante os oito longos meses. “Meu menino era estudioso, obediente, gostava muito de brincar e ir para igreja. A vida dele era bola, igreja e casa. Estávamos angustiados com a incerteza se iríamos reaver o corpo, mas, agora poderemos sepultá-lo dignamente”, disse.
Relembre o caso
Há época dos fatos, o delegado Charles Correa, da Polícia Civil de Oiapoque, declarou que o naufrágio ocorreu na noite de 28 de agosto de 2021, na foz do rio Approuague, no cabo Pointe Béhague, Guiana Francesa.
Segundo as autoridades internacionais, o sinal de alerta para o naufrágio só foi emitido no dia 31 de agosto. ). No dia 4 de setembro, a polícia havia confirmado que apenas quatro pessoas haviam sido resgatadas com vida. Alguns corpos já haviam sido localizados e recolhidos do oceano atlântico, mas o número oficial ainda não era confirmado.
De acordo com o delegado Charles Correa, a informação coletada naquele momento era de que a embarcação – com capacidade para dez pessoas – saiu de Oiapoque com 17 passageiros e três tripulantes, totalizando 20 pessoas, ou seja, o dobro da capacidade. O destino era um garimpo ilegal na Guiana Francesa. Além da superlotação de passageiros, ainda havia cerca de 700 quilos de carga.
Um dos pilotos da embarcação [Coiote] teria feito uma parada em Vila Vitória, distrito de Oiapoque, onde mais cinco pessoas embarcaram. Eles seguiram para o lado francês durante a noite para tentar escapar da fiscalização marítima, mas no cabo Béhague a embarcação afundou durante uma tempestade. As buscas foram feitas com uso de embarcações e até helicópteros franceses.
Reportagem: Alessandro Brandão
Imagens: Yasmyn Bentes
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