Polícia

Juiz decide que fazendeiro e militar da reserva do Exército vão a júri popular pelo assassinato de idoso

Para o Ministério Público, autor da denúncia, o crime foi premeditado, já que a ideia era provocar Maranhão ao ponto dele esboçar reação para alegação de legítima defesa


 

O juiz Mark William Madureira da Costa, da Vara Única da Comarca de Amapá, decidiu, na quinta-feira, 8 de maio, que o fazendeiro Francisco Canindé da Silva, que ocupava cargo comissionado em órgão federal no estado, e o sargento da reserva do Exército brasileiro, Antônio Carlos de Araújo, vão enfrentar júri popular pelo assassinato do agricultor Antônio Candeia, o ‘Maranhão’, crime ocorrido em 23 de novembro do ano passado, na zona rural da cidade de Amapá. O julgamento ainda não tem data marcada.

 

Vídeo gravado por um dos ocupantes do veículo dirigido por Canindé mostrou discussão entre Maranhão e Antônio Carlos, até que o sargento da reserva disparou vários tiros. Maranhão morreu na hora.

 

De acordo com o exame pericial, não houve a mínima possibilidade de defesa para Antônio Candeia, já que Antônio Carlos estava com a arma nas mãos desde o começo da discussão. A polícia informou que desde 2019 havia disputa por área de terra da zona rural entre Maranhão e Canindé.

 

Para o Ministério Público do Amapá, autor da denúncia, o crime foi premeditado, já que a ideia era provocar Maranhão, ao ponto dele  esboçar reação para servir como álibi para uma alegação de legítima defesa, como diz a defesa dos réus.

 

Exonerado

Em dezembro do ano passado, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura e Pecuária do governo federal, Irajá Lacerda, publicou portaria dispensando Francisco Canindé da Silva (matrícula Siape 36666) da função comissionada executiva de chefe do Serviço de Fiscalização de Insumos e Saúde Animal, da Divisão de Defesa Agropecuária, da Superintendência de Agricultura e Pecuária do estado do Amapá.

 

Francisco Canindé, que está preso, é um dos denunciados no assassinato brutal envolvendo disputa por terras que chocou o município de Amapá, localizado a 310 quilômetros de Macapá, no dia 23 de novembro do ano passado.

 

Gravado 

O crime, que foi gravado, resultou na morte de Antônio Candeia Oliveira, conhecido como Maranhão. Francisco Canindé foi preso em flagrante após se apresentar na delegacia. O crime ocorreu por volta das 16h em uma fazenda.

 

Em vídeo, Antônio Candeia aparece discutindo com Canindé, que estava dentro de uma picape. Inicialmente, a discussão era acompanhada à distância por Antônio Carlos Lima de Araújo, de 59 anos, um ex-militar do Exército, e cunhado de Canindé.

 

As imagens mostram Araújo, sempre com uma mão para trás, observando o idoso que discutia com Canindé dentro da picape sobre uma negociação de terras. Após um breve bate-boca e ofensas de ambos os lados, Araújo empurra Candeia. Os dois saem do enquadramento, mas os sons dos tiros são registrados.

 

O celular volta a filmar os dois. Ferido, o idoso tenta pegar algo dentro de um saco plástico, e os dois entram em luta corporal. Araújo aparece agarrando a mão do idoso, que está segurando um revólver. Gravemente ferido, a vítima não consegue efetuar nenhum disparo. Em meio à confusão, o jovem que gravava as cenas grita desesperado: “Não faz isso! A gente não veio para matar ninguém!”

 


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