Polícia

Justiça solta policial civil que deixou seis feridos em ataque a bar no Amapá

Vítimas foram alvejadas por tiros de pistola calibre Ponto 40. Disparos foram feitos durante um ataque promovido pelo policial civil Sanderlei Barreto, de 48 anos, em agosto deste ano.


Elden Carlos
Editor

O juiz Luiz Nazareno Hausseler, da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Macapá, concedeu liberdade provisória no início da tarde desta quarta-feira (13) ao policial civil Sanderlei Almeida Barreto, de 48 anos, que estava preso preventivamente desde o dia 9 de agosto deste ano, pelo crime de tentativa de homicídio contra seis pessoas que foram alvejadas pelo policial durante um ataque a um bar no bairro Santa Rita, em Macapá, na madrugada de 5 de agosto.

O magistrado, entre outros, se baseou na recente decisão do STF que garante que ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

“No particular em exame, nota-se que, até o presente momento, não existe conclusão acerca da culpabilidade do réu Sanderlei Almeida Barreto”, destaca o magistrado em um dos trechos da decisão.

Hausseler, ao conceder o alvará de soltura ao policial, determina que ele seja posto em liberdade somente após a instalação de tornozeleira eletrônica. O magistrado também estabelece entre as medidas cautelares que ele não “estabeleça comunicação com as vítimas ou seus familiares, seja presencial ou virtual, ou, ainda, com as testemunhas do processo, e, que não se aproxime a menos de 200 metros delas”, detalha. A quebra de qualquer uma das cautelares implicará na imediata decretação de nova prisão.

O caso

Segundo denúncia ofertada pelo promotor de justiça Klisiomar Lopes Dias Monteiro, do Ministério Público do Amapá (MP-AP), e com base no Inquérito Policial nº 010/2019 –DFF/CGPC, por volta de 1h30 da madrugada de 2 de agosto deste ano, o policial civil Sanderlei Barreto, movido por intenso ‘animus necandi’, tentou matar a tiros de pistola calibre Ponto 40 as vítimas: Delmir Conceição Nunes; Bruno Conceição Nunes; Simone Rodrigues Madeiro; Ariane Souza de Souza; Ronan Paz Vasconcelos e Mário Luiz Méyer.

Segundo o promotor, o policial civil havia se envolvido em uma briga no interior do bar, atingindo com uma garrafada na cabeça um homem identificado como Thiago de Lima Barreto. Sanderlei foi colocado para fora pelos seguranças.

O policial correu até seu carro, pegou a arma e retornou. Os disparos iniciaram na entrada do bar. Os tiros foram sequenciais. Os clientes do bar se jogaram no chão. Houve pânico. Em seguida Sanderlei fugiu.

As vítimas feridas pelos disparos foram socorridas e encaminhadas ao Hospital de Emergências. O delegado que preside o inquérito representou pela prisão preventiva que foi decretada pela justiça. No dia 9 de agosto Sanderlei foi preso e encaminhado ao Centro de Custódia do bairro Zerão.

Corregedoria


O corregedor da Polícia Civil, delegado Sávio Pinto, disse há época que a investigação ocorre de forma conjunta entre a Corregedoria e Decipe para dar maior celeridade às apurações. “Tão logo recebemos a informação oficialmente , foi determinado o imediato afastamento do policial e apreensão da arma. Já iniciamos o processo administrativo que ocorre em paralelo com o inquérito criminal para apurar esse caso de forma profunda. Estamos atuando sem corporativismo. O braço é firme e se forem vislumbrados elementos coerentes iremos representar pela prisão. Um policial precisa gerar segurança ao cidadão e não medo”, disse Sávio Pinto.

O corregedor lembrou ainda que Sanderlei, em caso de comprovação de crime, no processo administrativo, poderá perder o cargo público, conforme previsto no Estatuto da Polícia Civil. A denúncia de reincidência do policial nesse tipo de ocorrência também está sendo apurada.


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