Polícia

‘Mateiros’ retomam buscas por adolescentes em Calçoene

“Eles estão aí dentro, sei que estão. Meu filho está vivo, assim como o Fabrício”, disse em entrevista exclusiva na manhã desta terça-feira (27), ao programa LuizMeloEntrevista (Diário 90,9FM), a mãe de Renato, Edineide Siqueira, de 32 anos.


Grupo composto por 12 mateiros se embrenhou na mata nesta terça (27) retomando as buscas pelos adolescentes

Elden Carlos
Editor-chefe

 

Um dia após o anúncio oficial, feito pelo Corpo de Bombeiros do Amapá, sobre o encerramento das buscas pelos adolescentes Renato Siqueira de Jesus, de 13 anos, e Fabrício Oliveira Barbosa, de 14 anos, em área de mata na zona rural do município de Calçoene, distante 374 quilômetros de Macapá, a mãe de Renato, Edineide Siqueira, de 32 anos, durante entrevista exclusiva ao programa LuizMeloEntrevista (Diário 90,9FM), disse que as buscas foram retomadas na manhã desta terça-feira (27) por um grupo de mateiros voluntários.

“As forças de segurança se retiraram da região, mas sabemos que os meninos estão lá. Meu coração diz isso. Então, essas pessoas [mateiros] me procuraram para saber se eu pretendia seguir com as buscas. Eles se organizaram e agora estamos retomando essa procura, por conta própria, pelo Renato e o Fabrício”, relatou Edineide.

A mulher disse que nenhum dos dois garotos – que desapareceram no dia 8 de abril – conhecia a região. “Nós viemos para o assentamento passar uns dois dias. Meu filho [Renato] foi para o açaizal, que fica a menos de 10 minutos de caminhada, na companhia do Fabrício. Foi nesse trajeto que eles desapareceram. O trabalho acaba comprometido porque é difícil achar rastros. Temos muitas áreas de várzea e os igarapés transbordam com o grande volume de chuvas, inundando parte da mata. Mas, não vamos desistir. Eles estão ai dentro, sei que estão”, reitera.

Renato é filho único. “Ele é meu único filho. Esse sofrimento só vai terminar quando o encontrar, assim como o Fabrício. São duas famílias angustiadas com esse desaparecimento que já dura mais de 15 dias”, concluiu.

Buscas encerradas e investigação em andamento

O Corpo de Bombeiros Militar do Amapá (CBM-AP) anunciou oficialmente, durante coletiva na tarde de segunda-feira (26), o encerramento das buscas pelos adolescentes Fabrício Oliveira Barbosa, de 14 anos, e Renato Siqueira de Jesus, de 13 anos, que desaparecem do assentamento Rio Verde, na zona rural do município de Calçoene, distante 374 quilômetros de Macapá, no dia 8 deste mês.

De acordo com o comandante-geral dos Bombeiros, coronel Wagner Coelho, que é coordenador da Defesa Civil do Estado, todos os fatos motivadores que pudessem manter o trabalho das equipes foram esgotados dentro dos 17 dias incessantes de buscas aos desaparecidos.

“Todos os fatos motivadores foram esgotados. Seguimos todos os protocolos de buscas, esgotamos o raio do epicentro e nenhum novo vestígio foi encontrado. Estamos encerrando as buscas momentaneamente. Se houver a necessidade ou algum fato novo, retornamos ao local”, afirmou o coronel.

De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Antônio Uberlândio, o encerramento das buscas não significa o encerramento do inquérito policial tombado para apurar o caso. “Sem elementos motivadores as equipes encerram as buscas, mas a Polícia Civil segue com o inquérito. Nove pessoas já foram ouvidas em depoimento. Não temos, nesse momento, elementos ou vestígios que indiquem que houve uma ação humana que resultou na morte desses meninos, não temos. Mas, nenhuma linha pode ser descartada ainda. Vamos aprofundar as investigações, ouvir outras pessoas e intimar novamente, caso haja necessidade, aqueles que já depuseram. O caso não está encerrado”, garantiu.

Fabrício e Renato desaparecem no dia 8 de abril passado. Eles deixaram o assentamento para apanhar açaí e desapareceram. Eles teriam sido vistos pela última vez próximo a uma fazenda. Dias após o sumiço as equipes de busca localizaram uma cadela que supostamente teria saído com ele, mas no decorrer da investigação foi apurado que o animal não era o mesmo.

Pegadas e vegetação quebrada chegaram a ser localizadas na área de mata, mas nenhuma delas indicou que poderiam ser deles. As condições climáticas (chuva torrencial) também contribuíram para que as buscas fossem prejudicadas.

O trabalho na região foi realizado por equipes do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), Polícia Civil, Polícia Militar, Comando de Operações Especiais, Grupo Tático Aéreo (GTA), Guarda Florestal e Exército Brasileiro.


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