Polícia

Mulher que teve a mão decepada fala sobre o crime

Rosenilda Sarmento recebeu alta médica na tarde de ontem e conversou com o repórter Elson Summer


A doméstica Rosenilda Sarmento Farias, 28 anos, recebeu alta médica no início da tarde desta quinta-feira, 17, do Hospital de Emergências de Macapá (HEM) onde ela estava internada. No último domingo, 13, a mulher foi agredida com golpes de terçado por três homens dentro da própria casa onde ela mora sozinha, na sede do município de Cutias do Araguarí, distante 135 quilômetros da capital.

Em entrevista ao repórter Elson Summer, Rosenilda narrou os momentos de angústia pelo qual passou. A mulher teve a mão esquerda decepada por uma das terçadadas. Na mão direita ela teve os dedos mutilados. Os golpes ainda foram desferidos pelos suspeitos na cabeça, tórax e costas. Mãe de três filhos e grávida de quatro meses ela diz ter escapado por um milagre.

“Eu havia saído no início da noite para dar uma volta na orla. No retorno, a ponte onde eu moro estava sem energia. Eles [suspeitos] já estavam dentro de casa. Eles foram logo rasgando minha roupa para tentar me estuprar. Como reagi eles passaram a me agredir. O primeiro golpe arrancou logo a minha mão. Depois vieram chutes e mais golpes de facão. Eu já estava só de calcinha quando consegui me libertar e correr pra porta da cozinha. Só que acabei varando na ponte e fiquei presa. Foi quando um deles me empurrou para dentro do lago. Me fingi de morta naquela hora. Foi quando eles resolveram ir embora”, contou emocionada a mulher.

Rosenilda disse ainda que depois disso desmaiou e só recorda quando já estava no posto de saúde. “Sentia muitas dores e ainda não sabia direito o que havia acontecido. Foi quando realmente me dei conta de que estava sem a minha mão. Foi uma sensação horrível”, descreveu a doméstica.

Perguntada sobre o que sentia com relação aos seus agressores ela foi taxativa: “Entrego nas mãos de Deus, eles vão sofrer mais que eu”, resumiu.

Rosenilda teme voltar para casa com medo de ser morta desta vez. “Eles vão sair da cadeia e temo que queiram se vingar por terem sido presos. Não sei se vou voltar, na verdade, não sei o que vou fazer da minha vida agora. Trabalhava como doméstica e agora fiquei praticamente inutilizada”, disse.

O pai e o restante da família da vítima vieram acompanhá-la, mas enfrentam problemas financeiros. A família é humilde e foi acomodada na casa de parentes em Macapá. “Estamos sem colchões para dormir e não temos dinheiro para comprar comida. Somos pobres e não temos dinheiro para bancarmos as despesas por enquanto. Se as pessoas puderem doar roupas, alimentos e remédios agradecemos”, concluiu a mulher.

Os três acusados de tentar estuprar e agredir a vítima foram presos. A chegada deles ao Iapen causou revolta entre os detentos daquela instituição penal. A direção do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) determinou abertura de sindicância para apurar porque os três suspeitos foram colocados juntos com outros detentos antes do processo de adaptação.

Francisco dos Reis Lopes, 27 anos, Manoel dos Reis Lopes, de 47, (pai de Francisco) e Leonai Brito, de 19 anos, foram espancados e atacados com estoques durante o banho de sol. A ação rápida dos agentes impediu que eles fossem assassinados na cadeia.

A revolta dos detentos teria sido pela forma como o trio agrediu a mulher. O crime de estupro é abominado dentro da cadeia. Os três suspeitos foram socorridos e levados para o Hospital de Emergências de Macapá onde foram atendidos. Após retornar ao presídio eles ficariam em uma ala isolada dos outros presos.


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