Polícia

Nutricionista do Iapen e detento são presos com carregamento de drogas e celulares

A nutricionista Letícia Kemmer, de 28 anos, foi presa na noite de sexta-feira (04) por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo no dentro do Iapen.


Elden Carlos
Editor-chefe

 

A gerente de cozinha do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), Letícia Kenya Kemmer Staut Ferreira, de 28 anos, e o detento Rafael Mendonça Góes, de 33 anos, foram indiciados pela Polícia Federal (PF) na manhã deste sábado (05) por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.

 

A nutricionista Letícia Kemmer foi presa na noite de sexta-feira (04) depois que policiais penais localizaram uma caixa de papelão no depósito da cozinha onde estavam escondidos 11 quilos de drogas (maconha e cocaína); 48 aparelhos celulares; um revólver calibre 38, farta munição, carregadores, chips e fones de ouvido.

Letícia aparece na imagem retirando a caixa do carro-baú com o carregamento ilícito

 

Segundo relatório de 84 páginas, obtido pelo Diário, e confeccionado pelo delegado Davi Sobral, da PF, o carregamento foi localizado depois que um interno, alojado no pavilhão F6, teria sido escoltado, pela manhã, até o pavilhão F2 para fazer reparos elétricos. Durante a revista dele, os policiais penais localizaram um aparelho celular. Ao mesmo tempo, receberam a informação [de outros internos] que na cela de Rafael Góes havia outro aparelho e que ele havia recebido ordens para apagar as mensagens do dispositivo.

 

O aparelho foi localizado e a partir desse momento as informações foram sendo levantadas pelo setor de inteligência. Ao chegar ao depósito de alimentos da cozinha, os policiais requisitaram a presença de Letícia para acompanhar as buscas, mas ela já havia deixado o local antes do fim do expediente, o que gerou desconfiança. A nutricionista acabou presa no início da noite, em casa.

Eles foram levados para a sede da Superintendência da Polícia Federal, no bairro Infraero II, onde Rafael se reservou o direito de permanecer em silêncio. O outro detento também permaneceu em silêncio, mas ele foi excluído do inquérito por não ter relação direta com o caso investigado.

 

Já Letícia Kemmer, que prestou depoimento acompanhada por dois advogados, negou envolvimento e declarou que:

 

“Trabalha para uma empresa terceirizada que presta serviço ao Iapen; QUE é gerente da cozinha do Iapen, sendo responsável por todo o funcionamento do local; QUE no dia 01/02/2022, no período da tarde, o carro da empresa Cozinha Gourmet, empresa para qual trabalha, realizou a entrega de uma caixa de cor marrom; QUE não sabe como e quem foi a pessoa responsável por introduzir a caixa no veículo da empresa; QUE viu o momento em que a caixa chegou e foi colocada por funcionários da empresa na porta do estoque; QUE foi a pessoa responsável por guardar a caixa no interior do estoque da cozinha”, descreve ela em trecho do depoimento.

 

Letícia segue a oitiva alegando que:

“Não tinha ciência do conteúdo da caixa; QUE a caixa foi guardada no estoque da cozinha a pedido do interno Rafael Góes; QUE a caixa era para ter sido levada por Rafael ainda no dia 01/02/2022, mas não se recorda do motivo pelo qual Rafael não conseguiu fazer a retirada da caixa do estoque da cozinha.”

 

Em outro trecho do depoimento ela revela que iniciou o contato com Rafael quando ele começou a prestar serviços de eletricista na cozinha do Iapen. Ela então afirma desconhecer porque o interno pediu para que a caixa fosse guardada no estoque:

 

“QUE não sabe por que Rafael fez o pedido para guardar a caixa no estoque; QUE as vezes Rafael costumava lhe ligar e/ou mandar mensagens pelo aplicativo WhatsApp; QUE utilizava o seu telefone pessoal para falar com o interno Rafael; QUE não sabe o terminal de telefone que Rafael utilizava para mandar mensagens e efetuar as ligações; QUE não tem ciência de que é falta grave e/ou ilícito o preso utilizar aparelho celular; QUE nas mensagens trocadas com Rafael costumava falar coisas da vida, bem como dos serviços que precisavam ser realizados na cozinha; QUE somente teve ciência do conteúdo da caixa apreendida no dia 04/02/2022”, assegura ela ao término da oitiva.

 

No entanto, imagens do circuito interno de câmeras da área de desembarque da cozinha mostram a própria Letícia retirando a caixa de dentro do carro-baú. Ela repassa para um homem que leva até a porta do estoque. Depois, ela própria leva a caixa para dentro do depósito.

 

O delegado federal diz haver fortes indícios de envolvimento da gerente de cozinha com o esquema criminoso e que as provas são substanciais. Ele representou pelos pedidos de prisão preventiva de Letícia Kemmer e Rafael Góes, que foram deferidos pela justiça. Ele também encaminhou o caso para Polícia Civil apurar o caso na esfera estadual.

 

Letícia e Rafael – que cumpre pena por homicídio – foram submetidos a exame de corpo delito na Polícia Técnico-Científica (Politec) antes de serem levados ao Iapen novamente.

Imagens: Divulgação


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