Polícia

Padrasto é indiciado por assassinato de enteados

Crianças de 6 e 9 anos foram encontradas mortas em lago. Padrasto teria atraído meninos para o local onde as matou por afogamento


Elden Carlos
Rodrigo Silva
Da Editoria de Polícia

O delegado Wellington Ferraz, que responde interinamente pela delegacia do município de Tartarugalzinho, distante 230 quilômetros de Macapá, indiciou por duplo homicídio qualificado [por motivo torpe e impossibilidade de defesa] o autônomo Ozibenilson Oliveira de Souza, o ‘Tamatá’, que foi preso nessa quinta-feira (24), em Tartarugalzinho, depois que a justiça decretou sua prisão temporária.

Souza teria assassinado por afogamento no último domingo (20) os enteados Paulo Ricardo Lima, de 9 anos, e Lio Lima, de 6 anos. O crime ocorreu em um lago localizado na rua São José, bairro Airton Sena, em Tartarugalzinho, onde mora a família.

Em entrevista ao Diário nesta sexta-feira (25) o delegado revelou que inicialmente o caso foi tratado como afogamento acidental, mas evidências levaram a suspeita de que as crianças poderiam ter sido mortas.

“O padrasto não aceitava as crianças e existem relatos da própria família das vítimas que os meninos eram agredidos fisicamente. O próprio Ministério Público já apurava essas denúncias de maus tratos. Um dia antes do crime ele teve uma discussão com a esposa, e determinou que os irmãos não tomassem mais benção dele. Apesar de tudo, os garotos o tratavam como pai, apesar de serem rejeitados”, disse o delegado.

Durante depoimento, Ozibenilson entrou em contradição por várias vezes. “Ele disse logo que amava os meninos, porém, durante o interrogatório o padrasto se contradisse por várias vezes, inclusive, afirmou que no horário provável em que as crianças morreram, ele estava tomando banho sozinho no local. Todas as evidências demonstram que o homem arquitetou e executou o duplo homicídio. É um caso estarrecedor. Para nós não existem dúvidas da autoria e materialidade do crime”, declarou Ferraz.

Plano

De acordo com as investigações, Ozibenilson teria aproveitado um momento de distração da mãe dos meninos para atraí-los até o lago. Eles não sabiam nadar e temiam até mesmo estar próximo da água. “Essas crianças tinham um verdadeiro pavor de água. Como confiavam no padrasto, acabaram seguindo com ele para o local. Inclusive, uma das crianças ainda deixou a roupinha à beira desse lago. Ainda estamos aguardando o laudo pericial definitivo para saber se ele as afogou até a morte, ou se simplesmente as largou na parte mais funda do lago para que elas morressem”, revelou o presidente do inquérito.

Depois de algum tempo, o próprio suspeito teria dito que iria atrás dos meninos. Foi ele próprio quem deu o alarme de que as crianças estavam mortas no lago. Um profissional da Polícia Técnico Científica (Politec) disse que o suspeito ainda veio ao prédio da instituição, em Macapá, acompanhar a mãe dos meninos [uma senhora de 30 anos] para liberação dos corpos.

“Era uma expressão fria. Ele parecia sereno demais para alguém que perdeu pessoas tão próximas e importantes, como declarou à polícia. Lamentável”, comentou o servidor da Politec que não será identificado.

Tamatá foi transferido para o Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) na tarde de quinta-feira (24) onde ficará à disposição da justiça. “Como foi um crime de grande repercussão nós decidimos transferi-lo de imediato para o presídio, no sentido de resguardar a própria integridade do custodiado e manter a ordem pública, já que havia algumas ameaças”, concluiu o delegado Wellington Ferraz.


Deixe seu comentário


Publicidade