Polícia

PC do Amapá prende, em Belém, empresário condenado pela morte de modelo no DF

Empresário Carlos Montenegro, de 59 anos, foi condenado a 13 anos de prisão pela morte da modelo amapaense Patrícia Melo, em 2005. Ele era considerado foragido desde 2018.


Momento da apresentação do empresário na 8ª Seccional de Icoaraci

Elden Carlos e Jair Zemberg
Da Redação

Condenado a 13 anos de prisão pelo assassinato da modelo amapaense Patrícia Melo, morta aos 21 anos de idade em 7 de janeiro de 2005, em Brasília (DF), o empresário Carlos Humberto Pereira Montenegro, de 59 anos, foi preso nesta quinta-feira (22), em Belém (PA), após dois meses de investigação feita por agentes da Divisão de Capturas da Polícia Civil do Amapá.

 

Segundo o delegado-geral de Polícia Civil do Amapá, Antônio Uberlândio, essa é uma resposta à família da modelo e a própria sociedade que exigia a prisão do empresário.

“Após a sentença e decretação de sua prisão, o empresário vinha esporadicamente ao Amapá e em uma dessas vezes ele levou um veículo que passou a ser rastreado. Foi um trabalho difícil pelo fato de ele possuir três endereços. Um na região metropolitana de Belém, outro no interior da capital e o último em Salinas. Mas, assim que ele se estabeleceu na capital o nosso agente manteve contato e acionamos a Polícia Civil de Brasília. Os dois delegados que presidiram o inquérito e mais três agentes chegaram nesta quinta-feira à capital paraense, e, junto com nosso agente realizaram a prisão do empresário”, declarou Uberlândio.

 

Montenegro foi localizado na Avenida Independência, uma das principais vias de Belém, e preso em pleno horário de pico. Ele foi apresentado na 8ª Seccional de Icoaraci. O empresário, após ter sido preso, novamente alegou inocência. A Polícia Civil do DF informou ainda que ele é investigado por diversos crimes contra a administração pública praticados no estado do Amapá e havia sido preso em 2009 pela operação Exérese da PF.

O outro lado

O advogado Thiago Machado, que atua na defesa do empresário Carlos Humberto Montenegro, de 59 anos, que foi preso nesta quinta-feira (22) em Belém (PA) pela condenação a 13 anos de prisão pela morte da modelo Patrícia Melo, em 2005, em Brasília (DF), se manifestou, por meio de nota, afirmando que seu cliente jamais esteve na condição de foragido, como foi divulgado pela imprensa com base em declarações da própria Polícia Civil.

Thiago declara que a justiça tinha pleno conhecimento do atual endereço do empresário. “Ao contrário do que vem sendo veiculado por alguns jornais, o sr. Carlos Montenegro jamais esteve foragido da justiça, já que, em 2017, 1 ano antes de ser determinada a sua prisão, a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal foi expressamente informada, inclusive com a apresentação de comprovante de residência, de que o sentenciado encontrava-se residindo na cidade de Belém do Par-PA com sua família (esposa e 6 filhos), onde sempre permaneceu à disposição do Poder Judiciário, podendo ser facilmente localizado”, diz um trecho da nota.

O advogado também enfatiza o fato de que a sentença não transitou em julgado. “Ademais, a prisão imposta ao sr. Carlos Montenegro não possui natureza de definitiva, uma vez que a sentença proferida não transitou em julgado, ainda havendo recurso pendente de apreciação pelo STJ”, esclarece.

A defesa do empresário também classifica como ‘espetacularização’ a prisão de Montenegro, e que a Polícia Civil do Distrito Federal sequer comunicou previamente as autoridades paraenses sobre a ação. “E, por fim, a defesa reputa manifestamente ilegal a espetacularização da prisão do sr. Carlos Montenegro, realizada pela Polícia Civil do DF na cidade Belém do Pará-PA. A prisão em questão ocorreu sem prévia comunicação ao Poder Judiciário do Estado do Pará e gerou desnecessários gastos (com passagens e diárias de vários delegados e agentes de polícia etc) aos cofres públicos do DF sem que sequer fosse da competência da PCDF adotar qualquer providência no sentido de capturar o sr. Carlos Montenegro”, prosseguindo:

“É que em outubro de 2018 a Vara de Execuções Penais de Brasília decidiu, com concordância do Ministério Público e comunicado à Corregedoria da PCDF, que qualquer questão relativa à execução provisória da pena do sr. Carlos Montenegro deveria ser decidida pela Vara de Execuções Penais de Belém-PA, que nada tem a ver com a Polícia Civil do DF”, afirma.

Thiago também afirma que “A viagem dos Policiais Civis do DF à cidade Belém do Pará-PA e as afoitas providências adotadas sem qualquer determinação do Poder Judiciário do Estado do Pará somente comprovam o que desde o início vem se apontando, ou seja, que as autoridades policiais do DF vêm realizando uma injusta e ilegal perseguição ao sr. Carlos Montenegro”.

O advogado concluiu afirmando que ainda nesta sexta-feira (23) foi assegurado ao empresário, pelo Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) e Tribunal de Justiça do Distrito Federal, a possibilidade de permanência do empresário em Belém do Pará, “o que comprova que a atuação da Polícia Civil do DF fora de sua jurisdição foi completamente desarrazoada”, encerra a nota.

O caso

Em janeiro de 2005, Patrícia foi arremessada do 14º andar do hotel Gran Bittar, o que corresponde a uma altura equivalente a 43 metros após se recusar a fazer sexo com Carlos Humberto. A vítima era funcionária do empresário no Amapá e foi à Brasília a convite dele.

Carlos nega o crime. Segundo o empresário, ele deixou Patrícia no hotel após os dois saírem de um bar em um shopping. Depois, ela teria se jogado da janela. Ele disse, ainda, que a jovem sofria de depressão.

No entanto, a denúncia do Ministério Público afirma que Carlos “descontente com a recusa [de sexo], mas insistindo no propósito de tê-la a qualquer custo, houve por bem em trazê-la para Brasília, com o propósito dissimulado, vindo ambos a se hospedar no mesmo quarto, num hotel de luxo da capital. Ocorre, porém, que, como a vítima não cedeu ao assédio, recusando-se a com ele permanecer na cidade (não tinha completado nem 24 horas em Brasília), o denunciado, em revide, a lançou do alto do 14º andar do prédio, pela sacada do quarto abaixo”.

 

Acompanhe o vídeo da prisão


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