PMs presos por execução no Vale do Jari ficam em silêncio durante depoimento
Suspeitos foram identificados como Douglas Vital Carvalho Costa, sargento da PM/AP; Matheus Cardoso de Souza, José Paulo Pinheiro da Silva Júnior, Iago Jardim Fonseca e Emerson Freitas dos Passos, que são soldados da instituição; Franck Alves do Nascimento, guarda civil municipal de Laranjal do Jari; e Benedito Rodrigues Nascimento, garimpeiro da região

Da Redação
Os cinco policiais militares presos nesta terça-feira, 12, suspeitos de envolvimento na chacina de oito garimpeiros no Vale do Jari, na divisa de Almeirim, no Pará, e Laranjal do Jari, no Amapá, ficaram em silêncio durante o depoimento. A informação foi repassada pelo delegado-geral de polícia civil do Amapá, Cézar Augusto Vieira.
Mesmo com a orientação do advogado de defesa, para que colaborassem com o trabalho da polícia, os agentes optaram por não se pronunciar. Eles serão encaminhados nesta quarta-feira, 13, para audiência de custódia e ficarão à disposição da Justiça.
O sargento Douglas Vital Carvalho Costa e os soldados Matheus Cardoso de Souza, José Paulo Pinheiro da Silva Júnior, Iago Jardim Fonseca e Emerson Freitas dos Passos tiveram as prisões decretadas pela Justiça amapaense. As ordens foram cumpridas na cidade de Laranjal do Jari e na capital, Macapá. Além dos militares, houve a detenção de um guarda civil municipal de Laranjal do Jari, identificado como Franck Alves do Nascimento, e do garimpeiro Benedito Rodrigues Nascimento, que possui uma voadeira e presta serviços na região.
Em coletiva à imprensa, Vieira, acompanhado do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Costa Júnior, e do titular da 1ª Delegacia de Laranjal do Jari, delegado Breno Esteves, falou sobre a resposta rápida que as forças de segurança deram, não somente à sociedade local, mas também à nacional.
“Esse crime ganhou repercussão em todo o território brasileiro. Sabemos que as vítimas não retornam às famílias, mas a segurança pública do estado do Amapá, de forma conjunta, não mediu esforços para chegar aos autores da barbárie, e fará de tudo para elucidar esse crime o mais rápido possível”, assegurou o delegado-geral.
Ainda segundo as declarações, as investigações que ainda estão em curso levam à participação direta dos servidores presos. Os policiais, de acordo com o que foi levantado, estavam fora de serviço, sem nenhum tipo de vinculação com a atividade funcional.
“Todos estavam de folga. É importante a gente salientar que a nossa instituição não coaduna com nenhum tipo de conduta irregular. A gente tem um trabalho muito gigante no dia a dia com a nossa comunidade. A instituição Polícia Militar tem um compromisso que é inabalável com o cumprimento da lei, a proteção das pessoas e, por isso, cortamos na carne, se for necessário”, enfatizou o coronel Costa Júnior.
Mandados de busca e apreensão também foram executados nas residências dos investigados.
Perguntado sobre a dinâmica do crime, o delegado Breno Esteves, informou que as vítimas foram emboscadas quando retornavam de uma região de garimpo.
“Os autores já estariam esperando por elas em um porto. Mas, ainda estamos apurando mais elementos para ter detalhes mais específicos, inclusive, sobre a motivação”, informou a autoridade policial.
Sobre o único sobrevivente da chacina, Esteves revelou que ele não estava no momento da execução.
“Ele subiu do garimpo com eles, os oito desceram e ele ficou no local”, disse.
Sobre a possível existência de um mandante, conhecido como ‘Marujo’, o delegado afirmou que há uma linha de investigação.
“Não podemos divulgar detalhes de concreto neste momento, mas estamos trabalhando nesta linha de investigação. São quatro delegados coordenando equipes de base, rua e inteligência, para avançar nas investigações. Após encerrarmos os interrogatórios e outras medidas, avançaremos para os próximos passos”, afirmou.
Por questão de extraterritorialidade e devido às circunstâncias, já que as vítimas e suspeitos residiam no estado, a polícia do Amapá assumiu as investigações.
Vieira destacou o trabalho do Corpo de Bombeiros Militar do Amapá, em especial a equipe de mergulhadores, pelo empenho nas buscas, e ao Grupo Tático Aéreo.
Entenda o caso
Na quinta-feira, dia 7, seis corpos foram encontrados boiando no rio Jari, em área de difícil acesso, no lado paraense. Todos com marcas denunciando que as vítimas foram assassinadas de forma cruel, inclusive, submetidas à tortura.
Na sexta-feira, 8, o GTA encontrou outro corpo e, no sábado, 9, mais um, subindo para oito o número de vítimas.
Na segunda-feira, 11, mergulhadores do Corpo de Bombeiros Militar do Amapá localizaram o tambor que estava amarrado aos corpos das vítimas. O objeto pode ser peça-chave para a elucidação do crime.
As duas caminhonetes que pertenciam às vítimas foram encontradas incendiadas em um ramal, nas proximidades.
O desaparecimento do grupo foi registrado na segunda-feira, 4, depois que ele atravessou a divisa e retornava para Laranjal do Jari.
Identificação
Após a identificação, a polícia constatou que quatro vítimas eram paraenses, dois maranhenses e dois amapaenses. Elas foram identificadas como: Gustavo Gomes Pereira, o ‘Gustavinho’, de 30 anos;
Paulo Felipe Galvão Dias, de 30 anos; Jânio Carvalho de Castro, o ‘Jane’, de 35 anos; Dhony Dalto Clotilde Neres, de 35 anos, o ‘Bofinho’; Elison Pereira de Aquino, o ‘Dinho’, de 23 anos; Luciclei Caldas Duarte, o ‘Tripa’, de 39 anos; José Nildo de Moura, o ‘Zé Doido’, de 38 anos; e Antônio Paulo da Silva Santo, o ‘Toninho’, de 61 anos de idade.
Força Tarefa
As forças de segurança do Amapá, em atuação conjunta com a polícia do estado do Pará, montaram uma força tarefa para esclarecer a carnificina. A investigação é conduzida pela Polícia Civil amapaense.
A polícia apurou até o momento que o grupo negociava uma área na região de um garimpo em Monte Dourado, no Pará. As vítimas teriam sido confundidas com assaltantes que estão agindo no local.
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