Presidente do Sindicato dos Policiais Penais descreve “cenário de guerra” no Iapen
“É um cenário de guerra. É uma tragédia anunciada. No Iapen, existe a falta de médicos, de enfermeiros e a gente vem cobrando isso há muito tempo por causa das doenças tropicais.”

Elden Carlos
Editor-chefe
O presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Amapá, Antônio Mesquita Machado, descreveu como: “um cenário de guerra”, a atual situação dentro do Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) provocada pelo alastramento do contágio do vírus influenza (gripe) que já afeta presos de praticamente todos os pavilhões.
Dois internos que morreram no último final de semana, após terem sido levados para o Hospital de Emergências de Macapá, teriam contraído a doença e agravado dentro da cadeia.
“É um cenário de guerra. É uma tragédia anunciada. No Iapen, existe a falta de médicos, de enfermeiros e a gente vem cobrando isso há muito tempo por causa das doenças tropicais. Pense que aqui fora, na sociedade, já é difícil se curar uma gripe nessa proporção, imagine dentro do Iapen, em um ambiente insalubre. As providências agora estão sendo tomadas pela direção, mas de forma tardia”, disse o presidente.
Mesquita revelou que presos em estado mais grave são transportados em carrinhos na ala interna dos pavilhões, ou até mesmo carregados pelos próprios companheiros de cela. “Muitos ficam amontoados na frente da enfermaria à espera de atendimento. Repito, é uma cena de guerra”, reforçou.
Atualmente o Iapen tem entre 2,8 mil a 3 mil detentos condenados ou aguardando julgamento. O presidente diz a superlotação é outro grave problema. “Em um único pavilhão existem mais de 500 detentos. Agora, o pior é saber que em uma cela projetada para confinar 8 presos existem até 45 detentos espremidos”, revelou.
Mesquita também garantiu que os policiais penais trabalham no limite. “Temos 923 policiais penais. Desse total, cerca de 500 trabalham efetivamente nos pavilhões, sendo 50 por turno. Então, o número de servidores é insuficiente para o quantitativo de presos. Agora, imagine que os policiais penais também estão adoecendo. A baixa é inevitável e o trabalho acaba ainda mais comprometido”, observou.
Sobre o caso, o diretor do Iapen, Lucivaldo Costa, garantiu que: “Estamos implementando medidas de atendimento interno em conjunto com o Lacen e a Sesa. Continuaremos com a testagem para covid-19 e imunização para influenza. Os casos mais graves estão sendo encaminhados para o HE. Também suspendemos temporariamente as visitas e aumentamos a entrega de material de limpeza, higiene, álcool gel pra servidores, e dispensação de máscara para internos e trabalhadores”, declarou.
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