Polícia

Randolfe afirma que diretor-geral da PF age sob as ordens do Palácio do Planalto

Em resposta ao comentário de um jornalista no Twitter, o senador criticou duramente Fernando Segovia por conta de declarações que ele deu sobre investigações que estão em curso na Polícia Federal contra o presidente Michel Temer.


RAMON PALHARES – CORRESPONDENTE EM BRASÍLIA
Foto: Pedro França (Agência Senado)

Em resposta a comentários de um jornalista no Twitter, o senador Randolfe Rodrigues (rede) criticou duramente o diretor-geral da Polícia Federal, afirmando que ele está sob as ordens do Palácio do Planalto. Antes disso, em entrevista exclusiva ao Diário do Amapá, Randolfe qualificou como “lamentáveis” as declarações do delegado, quando afirmou que a tendência na PF é recomendar o arquivamento da investigação, na qual Michel Temer é suspeito de beneficiar a empresa Rodrimar em um decreto que renovou concessões no Porto de Santos (SP).
O jornalista Diego Escosteguy, da Revista Época, postou um comentário dizendo que “Segovia fala como se estivesse às ordens do Planalto – de Temer”, recebendo como resposta do senador do Amapá: “E acredite @diegoescosteguy está. Sua única finalidade é esta”, e em seguida disparou: “O Sr. Fernando Segóvia tem a mesma autoridade para isso quanto o rei momo tem sobre o destino da Grã Bretanha”.
Ao final, Randolfe completou: “Não cabe e nunca caberá a um diretor geral da PF comentar uma investigação sob a responsabilidade dos delegados que a conduzem. Principalmente quando essa investigação envolve o chefe do DG/PF (o presidente da república) e está submetida à PGR e ao STF”.
Na entrevista ao Diário o senador disse que após o carnaval ele irá representar contra Segóvia: “Logo após o carnaval eu representarei contra este senhor junto à Comissão de Ética da Presidência da República por comportamento inadequado às atribuições de seu cargo; também irei representar à Procuradoria-Geral República (PGE) e, em especial, ao Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público, porque esse senhor exorbitou das suas atribuições com as declarações que fez. Espero sinceramente providências por parte dos órgãos independentes contra esse senhor que atua na prática como advogado de defesa do presidente Michel Temer”;

“Mal entendido”
Depois da repercussão negativa de suas declarações e após tomar conhecimento de que seria intimado pelo ministro Luís Roberto Barroso, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) para se explicar, Fernando Segovia se antecipou e trocou mensagens de textos com o ministro e pediu uma audiência, que ficou designada para o dia 19 deste mês.
A troca de mensagens foi sucedida por uma conversa pelo telefone. Segovia disse que as declarações foram mal interpretadas e, por isso, levará a transcrição da entrevista ao ministro. Após a conversa entre o ministro e o delegado da PF a agência de notícias Reuters, a primeira a publicar as declarações de Segovia, reeditou a matéria, que originariamente dizia que ele afirmou que “a tendência” era de arquivamento pela PF da investigação envolvendo o presidente Michel Temer sobre o Decreto dos Portos, mas o verbo “afirmar” foi substituído por “indicar”, mas manteve a informação de que Fernando Segovia disse que “até o momento não há indício de crime no caso, indicando, em vez de afirmando, que a tendência é que a PF arquive o caso”.
Ao anunciar a intimação do diretor-geral da PF, o ministro disse à imprensa ter entendido que na entrevista Segovia ameaçou o delegado responsável pelo caso, por considerar que o mesmo “deve ter autonomia para desenvolver o seu trabalho com isenção e livre de pressões” e que a investigação ainda tem diversas diligências pendentes, “razão pela qual não devem ser objeto de comentários públicos”, além do fato de que, como relator do caso, ainda não recebeu relatório final do delegado Cleyber Malta Lopes nem parecer da Procuradoria Geral da República (PGR), responsável pela condução da investigação.


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