Política Nacional

Cerveró: não existe superfaturamento, o que existe é a propina

Ex-diretor contou que políticos reclamavam: ‘Só isso que você pode pagar?’


Em depoimento aos investigadores da Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou ser falsa a suspeita de que exista superfaturamento em obras contratadas pela Petrobras. Ele explicou existir somente propina, com valor previsto no custo, destinada a políticos.

“Criou-se uma história de superfaturamento. Não existe superfaturamento [em obras da Petrobras]. Se tem um negócio na Petrobras que é muito bem controlado é o preço”, disse o ex-diretor em diálogo com investigadores durante depoimento na delação premiada.

“O que existe é a propina. É feita uma avaliação, isso vale para o Brasil e vale para os Estados Unidos. Vale para qualquer obra. […] Propina é internacional”, completou depois.

Cerveró contou que há um controle interno “rigoroso” na fixação do preço na Petrobras, válido também para a compra de plataformas de petróleo. Dentro do valor, disse, está embutido o montante reservado para a propina.

No diálogo, ele também contou que muitos políticos reclamavam do percentual dos contratos destinados à propina nos contratos da Petrobras.

“Tem muito político que pensa… Isso funciona muito em obra estadual, aí a comissão é 10%. Tinha político ali [na Petrobras] que ficava revoltado: ‘Porra, só isso que vc pode pagar? Fiz uma estradinha e levei 20%'”, contou o ex-diretor.

Em outro depoimento aos investigadores, Cerveró também disse considerar “praticamente impossível” que Dilma não tivesse conhecimento das irregularidades na Petrobras “porque constantemente vinha a questão do superfaturamento da Abreu e Lima”, disse, em referência à construção da refinaria em Pernambuco, alvo de investigações. “Havia denúncias e ela tinha conhecimento de irregularidades que aconteciam. No mínimo se lesse o jornal sabia disso”, afirmou o ex-diretor.

Em nota divulgada nesta segunda, Dilma disse que “jamais teve conhecimento sobre as atividades ilícitas praticadas por Nestor Cerveró na Petrobras e, portanto, jamais compactuou com tais condutas”.


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