Política Nacional

Delator diz que compra de Pasadena atenderia compromissos de Gabrielli

Ex-presidente da estatal nega irregularidades e critica delação


O ex-assessor da Diretoria Internacional da Petrobras Agosthilde Mônaco de Carvalho afirmou em depoimento de delação premiada que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, serviria para ajudar o então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli a “honrar compromissos políticos”.

A colaboração de Agosthilde Mônaco veio a público com a deflagração da 20ª fase da Operação Lava Jato, nesta segunda-feira (16). A compra da refinaria é investigada.

Os depoimentos foram prestados ao Ministério Público Federal (MPF) no dia 11 de novembro. Em nota, Gabrielli “repudiou com veemência a acusação de que a compra de Pasadena serviria para honrar compromissos políticos e outras irregularidades apontadas na delação.
Nos termos de colaboração Mônaco afirmou que no fim de 2004 foi incumbido por Nestor Cerveró, então diretor da Área Internacional da Petrobras, a procurar refinarias de petróleo à venda nos Estados Unidos para suprir uma carência da estatal. Foi quando soube que a Refinaria de Pasadena havia sido recém-comprada pela empresa de trading Astra Oil.

Em reunião com um representante da Astra Oil, Mônaco apurou que havia abertura para uma negociação, e levou o assunto a Cerveró. Segundo o delator, a refinaria havia sido comprada por um preço relativamente baixo porque estava em condições precárias. O diretor gostou da oportunidade, conforme o depoimento, porque “mataria dois coelhos com uma cajadada”.

Segundo Mônaco, Cerveró disse que além de resolver o problema de refino de óleo da Petrobras, a compra exigiria uma Renovação do Parque de Refino (Revamp) de Pasadena – e isso seria do agrado de Gabrielli. “O presidente Gabrielli poder honrar seus compromissos políticos”, teria dito Cerveró, conforme o delator.

Ainda de acordo com Mônaco, antes mesmo da compra de 50% da Refinaria de Pasadena, Cerveró relatou a ele que Gabrielli já havia indicado a Odebrecht para fazer o Revamp da refinaria – o que elevaria a produção para 200 mil barris por dia. Segundo Cerveró, Gabrielili “queria muito” entregar a Revamp para a Odebrecht.

Essa intenção, chegou a gerar problemas entre a Petrobras e a Astra Oil, segundo Mônaco. A Astra Oil discordava da produção de 200 mil barris por dia, que teria sido decidida “por debaixo dos panos” pela Petrobras.


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