Política Nacional

Em carta, Alves diz que não quer criar ‘constrangimentos’ ao governo

Ministro do Turismo pediu demissão do cargo na tarde desta quinta-feira.
Na carta enviada a Temer, ele afirmou ainda que ‘ilações’ serão esclarecidas.


Na carta de demissão que enviou nesta quarta-feira (16) ao presidente em exercício Michel Temer, o agora ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, diz que não quer criar “constrangimentos” ao governo e afirma ainda que “ilações” sobre ele serão esclarecidas.

Citado na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, Henrique Alves pediu demissão na tarde desta quinta. Investigado na Operação Lava Jato, ele afirmou ainda na carta que se dedicará à sua defesa com “serenidade e transparência”.

“O momento nacional exige atitude pessoais em prol do bem maior. O PMDB, meu partido há 46 anos, foi chamado a tirar o Brasil de uma crise profunda. Não quero criar constrangimentos ou qualquer dificuldade para o governo, nas suas próprias palavras, de salvação nacional. Assim, com esta carta, entrego o honroso cargo de ministro do Turismo”, diz Henrique Alves na carta enviada a Temer.

“Estou seguro de que todas as ilações envolvendo o meu nome serão esclarecidas. Confio nas nossas instituições e no nosso Estado Democrático de Direito. Por isso, vou me dedicar a enfrentar as denúncias com serenidade e transparência nas instâncias devidas”, complementa o peemedebista.

Carta de Temer

Na noite desta quarta, Henrique Alves postou em sua conta no microblog Twitter uma carta que Michel Temer enviou para ele após o pedido de demissão. Na mensagem, Temer  agradeceu a “dedicação e lealdade” do ex-ministro, que, segundo ele, “sempre permearam” a relação entre os dois, tanto pessoal quanto politicamente.

Na carta, Temer ainda escreveu que gostaria de registrar o trabalho com “afinco” desenvolvido pelo ministro demissionário na Esplanada dos Ministérios.

“Foi importantíssima sua passagem e seu legado será longo, como poderemos verificar durante os Jogos Olímpicos”, escreveu Temer.

“Como companheiro de jornada dentro do nosso partido ao longo de décadas, quero registrar sua dedicação às causas que abraçamos, e nas quais continuamos acreditando, para levar o Brasil aos rumos que merecem ser trilhados para devolver esperança à população e propiciar o retorno do crescimento econômico, do desenvolvimento e da justiça social”, completou o presidente em exercício na mensagem divulgada no Twitter de Henrique Alves.

Lava Jato

O ex-ministro do Turismo, que também ocupou o cargo no governo da presidente afastada Dilma Rousseff e pediu demissão em março, é alvo de dois pedidos de investigação na Operação Lava Jato. O relator dos processos, ministro Teori Zavascki ainda não autorizou a abertura dos inquéritos sobre ele.

Num dos pedidos, a Procuradoria Geral da República quer apurar se, junto com deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Henrique Alves beneficiou a construtora OAS em propostas legislativas na Câmara. A suspeita surgiu de trocas de mensagens com Léo Pinheiro, presidente afastado da construtora.

O outro pedido busca incluir Henrique Alves dentro do maior inquérito da Lava Jato, que investiga toda a organização criminosa que desviou recursos da Petrobras. A suspeita é que o ex-ministro tenha sido beneficiado com pagamentos de propina desviada de contratos da estatal.

No depoimento de Sérgio Machado à Procuradoria Geral da República (PGR), Henrique Alves apareceu como beneficiário de R$ 1,5 milhão em propina entre 2008 e 2014.

Ainda segundo o ex-presidente da Transpetro, esses recursos foram pagos ao peemedebista da seguinte forma: R$ 500 mil em 2014; R$ 250 mil, em 2012 e R$ 300 mil em 2008. Os valores foram repassados, segundo ele, pela Queiroz Galvão. Outros R$ 500 mil foram pagos em 2010 a Alves, pela Galvão Engenharia, de acordo com a delação.

Nesta terça, após o conteúdo da delação se tornar público, Alves divulgou nota na qual afirmou que todas as doações para as campanhas dele foram oficiais, e as prestações de contas aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. Além disso, declarou estar à disposição da Justiça, “confiante que as ilações envolvendo o seu nome serão prontamente esclarecidas”.


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