Política Nacional

Investigados dizem que Capez ganhou propina em fraude da merenda em SP

Presidente da Alesp foi citado em depoimento, segundo ‘Estadão’; ele nega.
Ex-chefe de gabinete da Casa Civil de Alckmin também estaria envolvido.


O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Fernando Capez (PSDB), e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo paulista, Luiz Roberto dos Santos, foram citados como beneficiários de esquema de fraude em licitações de merenda escolar de 22 cidades paulistas.

Pelo menos três investigados da Operação “Alba Branca” disseram à Polícia Civil de Bebedouro (SP) que Capez e Santos receberam propina por contratos que prefeituras e a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo firmaram com a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf).

O suposto envolvimento foi noticiado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” desta sexta-feira (22). Capez nega irregularidades (veja nota mais abaixo). Luiz Roberto dos Santos não foi localizado para comentar as denúncias. A Secretaria da Casa Civil diz que o ex-chefe de gabinete já foi exonerado e “é investigado pela Corregedoria Geral da Administração (CGA) a pedido do próprio secretário da Casa Civil, Edson Aparecido”.

Seis suspeitos de participar do esquema foram presos na terça-feira (19), em Bebedouro: o presidente da Coaf, Carlos Alberto Santana da Silva, o ex-presidente Cássio Chebabi, o diretor Carlos Luciano Lopes e os funcionários Adriano Gilberto Mauro, Caio Pereira Chaves e César Bertolino. Após prestar depoimento, todos os suspeitos foram soltos.

Segundo os interrogados, os valores de propina pagos chegavam a ser 25% do total dos contratos firmados e eram, boa parte das vezes, entregues em dinheiro. A cooperativa também superfaturava o valor dos alimentos.

“No caso do suco de laranja, o lucro é muito alto, principalmente, a venda para o Estado, para quem ele foi vendido no valor aproximado de R$ 6,80 o litro, cujo custo girava em torno de R$ 3,70, com consequente 90% de lucro, o que permitia o pagamento das comissões”, como diz trecho da investigação.

Capez é citado no depoimento como sendo o responsável por conseguir a liberação do contrato com a Secretaria Estadual de Educação. “Até onde o declarante sabia, o deputado estadual Fernando Capez recebia uma parte das comissões pagas para Marcel, que ficava responsavel por repassar-lhe a sua parte.”

“Ouvi dizer que a pessoa de Jeter, assessor do deputado Fernando Capez, recebeu um cheque de Cássio no valor de R$ 50 mil, a título de comissão, mas não o repassou, o que teria causado grandes problemas”, diz outro trecho que cita do presidente da Alesp, Fernando Capez.

Capez nega relação
Em nota, Capez negou ter qualquer relação com o esquema e disse que “tomará providências judiciais e administrativas. Independentemente de eventuais motivações que possam ter ligado seu nome e sua imagem a fatos tão sórdidos como fraude em merenda escolar, o presidente da Alesp contribuirá para apurar as denúncias e punir os verdadeiros responsáveis”.

“A menção irresponsável a seu nome deve servir de base para uma apuração criteriosa antes de se dar ao fato essa ampla publicidade. Os 30 anos de imagem pública nos campos jurídico, acadêmico e político, bem como a presente gestão na presidência da Alesp, não serão abalados, e tudo será esclarecido em breve”, diz a nota.

Segundo o delegado seccional de Bebedouro, José Eduardo Vasconcelos, os suspeitos colaboraram com as investigações.

“Por enquanto, vão responder em liberdade. Mas vamos começar agora a checar se as confissões que eles apresentaram têm compatibilidade e concordância dos demais autos”, disse Vasconcelos. “Se tiverem omitido fatos ou faltaram com a verdade, podem voltar para a cadeia”, afirmou o delegado.


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