Política Nacional

Lula: um novo mundo é possível e a luta contra desigualdades deve estar na ordem do dia

Na África do Sul para reunião do BRICS, presidente defende em Live semanal o fim da fome, a construção de um futuro mais solidário e o foco brasileiro na economia verde


Foto: Ricardo Stuckert / PR

 

Antes de iniciar os encontros oficiais da 15ª Cúpula dos chefes de Estado do BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender de forma enfática o fim da fome e das muitas desigualdades existentes no mundo. Segundo ele, um novo mundo é possível, em que todos vivam com decência e dignidade, e sua construção deve estar na ordem do dia e ser tema principal de encontros como o G-20 e o próprio BRICS.

 

O tema principal é a gente acabar com as desigualdades racial, de gênero, na educação, na saúde, de salário. Vou tentar que essa discussão seja tema do próximo encontro do BRICS, do encontro do G-20, para que a gente coloque essa questão da diferença entre a humanidade na ordem do dia”.

 

“O tema principal é a gente acabar com as desigualdades racial, de gênero, na educação, na saúde, de salário. É tudo desigual, num mundo em que poucos têm muito e muitos não têm nada. Eu vou provocar essa discussão. Vou tentar que essa discussão seja tema do próximo encontro do BRICS, do próximo encontro do G-20, para que a gente coloque essa questão da diferença entre a humanidade na ordem do dia”, ressaltou Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República.

 

Em entrevista ao jornalista Marcos Uchôa, no Conversa com o Presidente, Lula disse não ser aceitável que 735 milhões de pessoas passem fome no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), se há alimentos suficientes para alimentar a todos. Segundo ele, num contexto de distribuição de riqueza mal feita no mundo, o que falta é dinheiro para comprar.

 

“Algo está errado e o algo errado é a falta de recursos para comprar. O algo errado é a distribuição de riqueza que é mal feita no mundo. Apenas meia dúzia tem tudo e milhões, bilhões não têm nada. Temos alimento para isso, temos dinheiro para isso.  O que precisa é ter disposição política. Você não pode continuar num mundo em que 1% mais rico tenha mais dinheiro do que 50% da população mundial mais pobre. Não podemos continuar assim”.

 

NOVOS PAÍSES – O presidente brasileiro destacou o papel dos Brics na construção de um novo mundo, disse que o grupo não pode ser fechado como o G7, que reúne as nações mais ricas, e defendeu a entrada de outros países no grupo.

 

A questão climática ganha peso importante e nesse aspecto o Brasil é imbatível. É imbatível no biodiesel, em etanol, em energia eólica e solar. Temos um jeito de fazer indústria verde nesse país, produzida por energia limpa, que não jogue gás carbônico no mundo, que não polua o  mundo”.

 

“Eu sei que a China quer, eu sei que a Índia quer, eu sei que a África do Sul quer, eu sei que a Rússia quer, e nós queremos. Se todo mundo quer, não é difícil entrar. Obviamente que você tem que estabelecer determinados procedimentos para que as pessoas entrem”, disse, defendendo especificamente a entrada da Argentina e destacando a importância do desenvolvimento do país vizinho para o crescimento do Brasil.

 

Lula disse ter fé de que o Brasil vá entrar num novo ciclo de desenvolvimento, com uma política industrial mais arrojada, e aproveitando a combinação de seu potencial de enfrentar as mudanças climáticas, num momento em que o mundo quer se livrar da poluição.

 

“A questão climática ganha peso importante e nesse aspecto o Brasil é imbatível. É imbatível no biodiesel, em etanol, em energia eólica e solar, e vai ser no hidrogênio verde. Temos um jeito de fazer indústria verde nesse país, produzida por energia limpa, que não jogue gás carbônico no mundo, que não polua o mundo. Esse é um grande trunfo do Brasil”.

 

COMPENSAÇÃO – O presidente voltou a destacar o papel das nações ricas, que se industrializaram destruindo suas matas, nesse processo de compensação aos países que têm florestas de pé. “Quem tem de pagar um pouco mais são os países industrializados há 200 anos. É razoável”.

 

Segundo ele, é preciso garantir emprego, comida, educação, lazer, acesso à cultura e qualidade de vida para as pessoas que vivem na Amazônia. “Não posso olhar o mundo e ver só as copas das árvores da Amazônia. É preciso pensar no povo. O mundo desenvolvido precisa fazer isso. pagar uma espécie de pedágio”.

 


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