Política Nacional

MPF reabre investigação sobre compra de caças suecos para a FAB

Aquisição foi concluída em 2014 por US$ 5,4 bilhões após mais de 10 anos


O Ministério Público Federal (MPF) decidiu reabrir uma investigação iniciada no ano passado sobre supostas irregularidades na compra de 36 caças da empresa sueca Saab destinados à Força Aérea Brasileira (FAB).

A aquisição foi fechada em 2014, por US$ 5,4 bilhões, após mais de uma década de negociações entre o governo e outras duas concorrentes: a americana Boeing e a francesa Dassault.

Em março e em abril de 2015, o G1 noticiou com exclusividade que o MPF abriu procedimento investigatório e depois um inquérito para apurar se havia ou não irregularidade no aumento do valor pago pelos caças.

Em agosto do ano passado, a investigação foi encerrada por falta de indícios, mas o MP decidiu reabri-la a partir de novos indícios descobertos na Operação Zelotes, que investiga pagamento de propina para decisões favoráveis no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e para aprovar benefícios fiscais em medidas provisórias do governo.

As novas investigações apontam suspeita de que um escritório de lobistas, a Marcondes e Mautoni, atuaram nas negociações mediante “influência indevida”. Os responsáveis pela empresa, Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, estão presos e acusados de intermediar propinas para aprovar medidas provisórias.

O objetivo do inquérito sobre as caças é verificar se o Brasil pagou mais do que deveria pelos aviões e se a empresa que vendeu os caças, a Saab, contratou prestadora de serviços de propriedade de parentes de militares da Aeronáutica. Com o desarquivamento, as investigações serão conduzidas pela Divisão de Combate à Corrupção da Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF).

Durante seis meses, o MP ouviu autoridades, recolheu documentos e analisou informações fornecidas pela FAB, pela empresa e por outros envolvidos na compra. Uma das novas descobertas, no entanto, foi a de que Mauro Marcondes atuou como lobista da Saab junto ao governo brasileiro.

Há suspeita de que a atuação possa ter envolvido a corrupção de agentes e ex-agentes públicos federais, segundo o Ministério Público. Responsável pelo desarquivamento, o procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes já pediu informações ao Ministério da Defesa e à Saab sobre o caso.


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