Política Nacional

Mulher de Santana citou mensalão para negar caixa 2 no Brasil

Monica Moura admitiu prática, mas somente de campanhas do exterior.


Monica Moura, mulher do publicitário João Santana, afirmou à Polícia Federal em depoimento nesta quarta-feira (24) que ela e o marido não receberam nenhum recurso de caixa 2 de campanhas realizadas no Brasil por “motivos óbvios, quais sejam, as investigações e condenações no caso do mensalão”

Santana foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff (PT) e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2006. Santana e a mulher dele, Mônica Moura, estão presos desde terça-feira (23), suspeitos de receber dinheiro oriundo no esquema de corrupção na Petrobras desvendado pela Operação Lava Jato em contas secretas no exterior. O dinheiro seria, de acordo com as investigações, pagamento de serviços eleitorais prestados ao Partido dos Trabalhadores (PT).

Nesta quinta, o marqueteiro João Santana também prestou depoimento, que durou mais de três horas, na Superintendência da PF em Curitiba, no qual admitiu a existência de conta não declarada no exterior, mas também negou que fosse para recebimento de valores por campanhas no Brasil. Segundo Santana, Monica era a responsável pelas movimentações nas contas.

No depoimento, Monica admitiu que recebeu parte do valor recebido pela campanha realizada na Venezuela, de Hugo Chávez, de “forma não contabilizada” e que recebeu orientação para procurar um executivo da Odebrecht no Brasil, Fernando Migliaccio, para receber pelo trabalho.

No âmbito da Lava Jato, a prisão de Migliaccio foi decretada em 11 de fevereiro deste ano. Segundo a investigação, ele era responsável por gerenciar contas usadas pela Odebrecht no exterior para pagar propinas para autoridades do Brasil e de outros países. Essas contas estavam atreladas a offshores.

Ela também afirmou que acredita que os valores pagos pela Odebrecht no exterior chegam a R$ 4 milhões, mas que não recebeu nenhum valor da Odebrecht por campanhas realizadas no Brasil e, questionada se ela e o marido receberam recursos não contabilizados dos clientes dos serviços eleitorais que prestaram no Brasil, “disse que não, primeiramente, por motivos óbvios, quais sejam, as investigações e condenações no caso do mensalão”.

Conforme o depoimento, Monica também disse que partidos políticos brasileiros não lhe pediram que fossem realizados pagamentos “à margem da contabilidade” e que recursos de campanhas eleitorais no Brasil foram recebidos “de maneira legal e registrada, de maneira que não houve motivo para pagamentos via ‘caixa 2′”.

Com relação a pagamentos de Zwi Skornicki, apontado como um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras, Monica disse que seriam referentes a campanha realizada em Angola, do presidente José Eduardo dos Santos, no total de US$ 50 milhões, dos quais US$ 20 milhões seriam pagos por “contrato de gaveta, não contabilizado”.


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