Política Nacional

PT oficializa Haddad como candidato e inicia briga por votos que eram de Lula

Anúncio foi feito com lideranças do PT em frente à PF, em Curitiba


O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi oficializado nesta terça-feira (11) como o candidato oficial do PT ao Palácio do Planalto. Com Luiz Inácio Lula da Silva preso, Haddad será uma espécie de porta-voz do líder máximo do petismo e terá a difícil missão de puxar os quase 40% de votos que o ex-presidente registrou nas pesquisas eleitorais.

Foi um longo caminho até Haddad virar o candidato de fato da chapa “O Povo Feliz de Novo”, apesar de atuar como vice-candidato e viajar o País em nome de Lula. O PT tinha até ontem à noite para efetuar a troca no comando da chapa e oficializou o ex-prefeito em breve encontro com lideranças e militantes em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba, onde o ex-presidente está preso.

Em carta lida por um dos fundadores do PT, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, o ex-presidente afirmou que Haddad “será Lula para milhões de brasileiros” e o ungiu como herdeiro de seus votos na disputa eleitoral.

“Quero pedir, de coração, a todos que votariam em mim, que votem no companheiro Fernando Haddad para Presidente”, escreveu Lula.

O ex-presidente citou todos os feitos de Haddad quando ocupou o ministério da Educação e disse que juntos criaram o “futuro” do Brasil. “Haddad é o coordenador do nosso plano de governo para tirar o País da crise, recebendo contribuições de milhares de pessoas e discutindo cada ponto comigo. Ele será meu representante nessa batalha para retomarmos o rumo do desenvolvimento e da justiça social.”

Lula mantém a expectativa de que será solto e escreveu que nesse dia estará “junto com o Haddad para fazer o governo do povo e da esperança”.

Agora oficializado, Haddad, por sua vez, condenou a prisão de seu mentor e afirmou que recebeu uma missão do ex-presidente. Ele atesta que sairá vitorioso desta eleição.

“Vamos dizer para o povo ‘você está sentindo a dor que estou sentindo, mas não é hora de voltar para casa de cabeça baixa, é hora de sair para a rua de cabeça erguida e ganhar essa eleição’”, disse Haddad.

“Nós temos um líder chamado Lula que nos inspira. Não vamos aceitar o Brasil do século 20, desigual”, criticou.
O anúncio foi feito com quase três horas de atraso, por volta das 17h30 e pouco antes da negativa a uma liminar feita pela defesa de Lula. Havia a expectativa – que acabou frustrada horas depois –, de que o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolhesse a liminar para suspender a decisão que barrou Lula pela Lei da Ficha Limpa. Assim, a chapa Haddad e Manuela D’Ávila (PCdoB), como vice, foi protocolada.

Dificuldades
Agora, o ex-prefeito terá a dificuldade em se projetar nacionalmente, sobretudo em regiões onde é pouco conhecido, como no Nordeste brasileiro. Com 9% nas pesquisas, ele está empatado tecnicamente em segundo lugar com outros três candidatos, mas terá pouco mais de três semanas para conquistar o eleitorado lulista.

“É inegável que a demora em definir Haddad trouxe prejuízo para uma campanha mais efetiva em torno da divulgação do nome dele. O PT adotou a estratégia de centrar fogo em torno de Lula, como vitima ‘dos golpistas’. Deu certo do ponto de vista da história futura, do que vem depois da eleição. Mas apostar que essa narrativa será capaz de transferir votos, é uma temeridade. Haddad é conhecido no Sudeste, e vai ter muito pouco tempo para aparecer nas demais regiões”, avaliou o sociólogo da Universidade Mackenzie, Rogério Baptistini.


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