Assembleia Legislativa debate impacto da vassoura-de-bruxa na produção de mandioca no Amapá
A doença provoca deformações na planta, brotações anormais, redução do tamanho das raízes e consequente queda na produtividade, tornando muitas lavouras economicamente inviáveis

A Assembleia Legislativa do Estado do Amapá (Alap) promoveu, nesta quinta-feira (13), uma audiência pública para debater os impactos da vassoura-de-bruxa no cultivo da mandioca, doença que ameaça a principal base alimentar e econômica de milhares de famílias amapaenses. O encontro foi proposto pelos deputados estaduais Jesus Pontes (PDT) e Júnior Favacho (MDB) e reuniu representantes de órgãos de pesquisa, técnicos do setor agrícola, agricultores e autoridades públicas.
A vassoura-de-bruxa da mandioca, causada pelo fungo Ceratobasidium theobromae, foi identificada pela primeira vez no Brasil em 2023, no município de Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa. Posteriormente, a praga foi detectada também em Calçoene, Amapá, Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio, avançando rapidamente e preocupando produtores rurais e pesquisadores.
A doença provoca deformações na planta, brotações anormais, redução do tamanho das raízes e consequente queda na produtividade, tornando muitas lavouras economicamente inviáveis. Seu avanço compromete não apenas a economia agrícola, mas também a segurança alimentar e a sustentabilidade da agricultura familiar.
O deputado Jesus Pontes, um dos proponentes da audiência, destacou que a vassoura-de-bruxa é uma praga quarentenária, ou seja, de alto risco fitossanitário, e alertou para a urgência do tema. “A vassoura-de-bruxa é uma praga que veio da Ásia, entrou no Brasil pelo Suriname e pela Guiana e hoje já atinge praticamente todos os municípios do Amapá. Estamos muito preocupados, porque a mandioca é o principal alimento da nossa população e base da renda de muitas famílias. A Assembleia está cumprindo seu papel de dar voz aos produtores e buscar soluções conjuntas para o enfrentamento dessa crise”, afirmou.
Já o deputado Júnior Favacho ressaltou o papel do poder público na integração entre pesquisa e campo. “Estamos buscando conectar o produtor, a Embrapa e o IEPA para achar uma solução definitiva. O Amapá é um estado de solo fértil, mas hoje já não consegue produzir a própria farinha que consome. Destinamos R$ 500 mil em emenda parlamentar para o IEPA, para apoiar as pesquisas e fortalecer o enfrentamento dessa praga que vem devastando a produção local”, declarou o parlamentar.
O coordenador de Desenvolvimento Tecnológico do IEPA, Marcelo Carim, enfatizou a gravidade do problema e a necessidade de medidas estruturais. “Estamos diante de uma doença severa, mas que pode ser enfrentada com tecnologia e ciência. O IEPA tem trabalhado em protocolos de manejo eficientes e na produção de mudas livres de contaminação, subsidiadas pelo nosso Laboratório de Cultura de Tecidos. A solução passa por duas frentes: apoio direto ao produtor rural e investimento em infraestrutura de pesquisa e extensão”, explicou o pesquisador.
Representando os agricultores, Douglas Dutra, presidente da Associação de Produtores de Itaubal, relatou que, embora a praga ainda não tenha atingido a região, os produtores já estão adotando medidas preventivas.
“Ainda não temos casos confirmados em Itaubal, mas estamos preparados. Melhoramos o espaçamento das plantas, investimos em irrigação e em técnicas de cultivo mais sustentáveis. O que falta, muitas vezes, é assistência técnica e apoio contínuo dos órgãos competentes para manter o controle quando a doença chegar”, afirmou Dutra.
A audiência também contou com a participação da chefe-adjunta de Pesquisa da Embrapa Amapá, Ana Elisa Montagner, da diretora de Defesa Agropecuária do Estado, Kelly Gonçalves, da secretária do Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural, Beatriz Barros, e do superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária no Amapá, Patrick Cantuária.
O deputado Jesus Pontes reforçou, ao final, que a Casa de Leis continuará acompanhando o tema. “O Amapá precisa agir com urgência. Não há solução de curto prazo, mas, quanto antes unirmos esforços, mais rápido poderemos conter o avanço da doença e proteger a base alimentar do nosso povo”, concluiu.
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