Clécio Luís diz que municípios se sentem desamparados com instabilidade no comando do Ministério da Saúde
Prefeito de Macapá também apontou fatores que podem ter agravado a pandemia no município. De acordo com o último boletim da PMM, Macapá registrava neste domingo (17) 2.674 casos confirmados e 73 óbitos em decorrência da Covid-19, os maiores índices do Amapá.

Railana Pantoja
Da Redação
Em entrevista ao programa radiofônico Luiz Melo Entrevista (Diário FM 90,9) na manhã desta segunda-feira (18), o prefeito de Macapá, Clécio Luís, falou sobre o momento político que o Brasil está passando durante a pandemia e apontou alguns fatores que podem ter agravado a situação na capital.
A instabilidade no comando do Ministério da Saúde, que já teve a troca de dois ministros (Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich) durante a pandemia, preocupa o gestor pelo fato de causar sensação de caminho sem rumo.
“O problema não é a mudança, ela pode acontecer sim. O problema é que a gente está se sentindo desamparado, sem rumo; um país do tamanho do Brasil, sem rumo. E onde a vida acontece realmente, que é no município, pior ainda. Todos os dias falo com colegas prefeitos de todo o Brasil e não é possível que tá todo mundo errado e só uma pessoa certa”, disse.
Para tentar exemplificar a crescente dos casos do novo coronavírus no município de Macapá e o atendimento sobrecarregado nas UBSs, Clécio relaciona a pandemia a uma “troca de pneu de carro em movimento e sem tempo para parar”.
“A gente tá trocando o pneu do carro com ele andando, e andando em alta velocidade, não dá para parar e trocar. Infelizmente não tem fórmula, não tem receita. A gente tem as experiências e todo mundo se agarrando na ciência. Não tem consenso, por isso que as decisões são tomadas pensando sempre no melhor. Pode ter erros? Pode, mas, se quem toma a decisão pode errar, quem não toma já está errado”, opinou Clécio Luís.
O descumprimento do isolamento social ajuda, sem dúvidas, a disseminação rápida do vírus, mas o prefeito pontua que vários fatores e não somente este levaram Macapá a sofrer mais que outros locais com a pandemia.
“Não posso dizer que é por culpa de alguém ou das pessoas que não ficaram em casa, é um conjunto de fatores. Primeiro: é uma pandemia, não tá acontecendo só aqui, o vírus tem uma velocidade incrível de contágio, então, tem uma série de fatores que contribuíram muito pra isso. Mas, sim, nós poderíamos estar numa situação melhor se as pessoas tivessem ficado mais em casa e isso [descumprimento] contribuiu sim para o aumento do número de casos. Se você aumenta isso, consequentemente aumenta o número de pessoas doentes e contaminando outras, indo nas UBSs, precisando de leitos de hospitais, UTI e infelizmente também pessoas vão a óbito”, analisou.
O prefeito ressalta que enquanto as pessoas não tiverem consciência coletiva da situação, será difícil sair tão logo desse momento e de nada adiantará todos os decretos e medidas restritivas adotadas no estado e nos municípios.
“O decreto é um pedaço de papel, não é ele que vai resolver o problema das pessoas, achatar a curva de contaminação ou salvar vidas. O decreto é um instrumento apenas, o que vai fazer a diferença é a consciência das pessoas. Temos uma tropa de 3 mil policiais, e a Guarda Municipal tem 500 e muitos já adoecendo. Perdemos agora um guarda dos mais queridos, que se dispôs a fazer trabalho voluntário com a banda da Guarda nas UBSs, esse vírus não isenta ninguém. Quando pegamos todas as forças de segurança, temos aproximadamente mil afastados e doentes, contaminando suas famílias. Eles gostariam de ficar em casa, mas não podem, assim como o pessoal da saúde, garis, fiscais e tantos outros”, finalizou Clécio.
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