Congestionamento de petroleiros no Rio projeta como o Amapá pode ficar com petróleo
O Pré-Sal bate recorde e gera fila de navios e plataformas na Baía da Guanabara enquanto Amapá se prepara para quando o petróleo chegar

Cleber Barbosa
Do Rio de Janeiro
A imagem de uma longa fila de navios petroleiros ancorados na Baía de Guanabara, aguardando para carregar o petróleo brasileiro, tornou-se uma cena comum no Rio de Janeiro. Este congestionamento, no entanto, não é um sinal de crise, mas o reflexo de um sucesso tão grande que se tornou um problema: a produção recorde de petróleo, impulsionada pelo pré-sal, que superou a capacidade dos portos do país.
Para o Amapá, é questão de tempo que se possa destravar a pesquisa por petróleo e gás natural na Margem Equatorial, então especialistas projetam que o estado poderá virar um novo “hub” petrolífero ao norte do país, precisando preparar mão de obra e também logística para tanto.
Realidade carioca
Essa nova realidade transformou a baía da Guanabara em um imenso hub logístico, onde operações complexas são realizadas em alto-mar para dar conta do volume. No entanto, essa atividade intensa também traz à tona um debate sobre os riscos ambientais, os desafios de infraestrutura e a estratégia energética do Brasil para os próximos anos.
Recorde
O principal motivo para a fila de navios petroleiros é o volume de óleo que o Brasil está extraindo. Em fevereiro de 2025, a produção nacional de petróleo atingiu 3,488 milhões de barris por dia, um aumento de 1,2% em relação ao ano anterior.
A fonte dessa riqueza é o pré-sal. A camada geológica foi responsável por 78,8% de toda a produção brasileira no mesmo período. Apenas o campo de Tupi, por exemplo, produz mais de 760 mil barris por dia — um volume que, sozinho, já seria suficiente para colocar este único campo entre os maiores produtores do mundo se fosse um país. Com a Petrobras respondendo por quase 90% de todo o volume, o resultado foi um aumento exponencial na necessidade de exportação, gerando uma pressão sem precedentes sobre a infraestrutura logística.
Os terminais portuários da Baía de Guanabara, operados pela Transpetro, são essenciais, mas têm limitações. A principal delas é o calado (a profundidade), que impede a atracação dos maiores superpetroleiros do mundo, os VLCCs, capazes de carregar até 2 milhões de barris.
Para contornar esse gargalo, a solução encontrada foi levar a operação para o mar. As transferências “Ship-to-Ship” (STS) se tornaram a principal válvula de escape. Nesse modelo, o petróleo armazenado nos FPSOs do pré-sal é levado por navios menores até a baía, onde é transferido para os superpetroleiros que aguardam ancorados. Essa prática, regulamentada pela ANP e pelo IBAMA, cresceu quase 40% em 2021 e se consolidou como o elo crucial na cadeia de exportação.
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