Crise faz lembrar que o Amapá, na época de território federal, era melhor
Discussão a propósito do anúncio de que o governo do estado pode decretar calamidade financeira

“Do ponto de vista econômico e financeiro, voltar o Amapá para a condição de território federal seria uma grande sacada”. A opinião é do economista Jurandil Juarez, expressada na manhã desta terça-feira, 20, no programa LuizMeloEntrevista (Rádio Diário FM 90,9).
O economista deu a opinião a propósito do anúncio de que o governador Waldez Góes, na próxima semana, poderá decretar estado de calamidade financeira no estado do Amapá em razão das dificuldades frente à queda na arrecadação e diante da forte diminuição dos repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE).
Jurandil explicou que calamidade financeira significa que o estado não tem capacidade de honrar os seus compromissos, ou seja, o poder público não tem recursos para pagar as suas dívidas, e como o governo do Amapá não é iniciativa privada, que numa situação de insolvência busca a recuperação judicial, simplesmente não sana os seus débitos.
“No Amapá falta gestão. Vamos cortar despesas. Isto é uma festa, uma farra”, bradou o empresário Edir Pacheco, que em meio à fala de Jurandil Juarez no programa radiofônico, entrou no ar pelo telefone, com entonação de que o governo do estado não tem porque abraçar uma calamidade financeira.
O economista previu que o Amapá só sairá da crise daqui a quatro anos, isso se a economia brasileira estabilizar. Ele fez ver que o estado se encontra inadimplente porque cometeu um grande erro, o de preferir dinheiro emprestado em vez do dinheiro de graça, esse oriundo do governo federal, através de projetos e emendas parlamentares.
Jurandil disse que o caso da CEA aprofundou a crise, uma vez que para sanar a dívida da empresa de eletricidade foi feito empréstimo de R$ 1,4 bilhão, e agora a estatal se acha em via de desaparecer. “Se era para acontecer isso, melhor seria não fazer o empréstimo e continuar os serviços que, aliás, continuam mal feitos”, lamentou o economista.
Em reunião do Comitê Gestor do Estado, anteontem, o governador Waldez Góes disse que em nível federal o Amapá discute a possibilidade de compensação em 50% das perdas do FPE, que deve chegar em R$ 14 bilhões para os estados do Norte e Nordeste. “Nós, particularmente, temos perda de R$ 600 milhões”, revelou o governador. Ao fim da reunião do Comitê Gestor foi agendada novo encontro para segunda-feira, 26, quando deverá ser analisado o possível decreto de calamidade financeira.
O economista alertou que, diferentemente dos Estados Unidos, onde o Poder Público pode abrir falência, o Brasil se vê, com a crise, como se à mercê de uma grande tempestade caindo sobremaneira no Amapá.
Para Jurandil, melhor seria acabar com a Federação e criar um Estado unitário, “porque do ponto de vista econômico e financeiro seria uma grande sacada o Amapá voltar a ser território federal”. O apresentador do programa na Rádio Diário, Luiz Melo, à luz do ponto de vista do economista entrevistado, lembrou que pouco tempo depois da passagem de território federal para estado, o articulista Rugatto Boetger previu em artigo no Jornal Diário do Amapá que o amapaense ainda iria sentir saudades, querer a volta do território, em razão das perdas que a unidade federativa passaria a ter.
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