Ericláudio promete fechar cerco contra tráfico de drogas sintéticas no Amapá
Titular da Sejusp pede esforço conjunto dos órgãos de fiscalização para impedir funcionamento de festas ‘raves’ que se utilizam de licenças emitidas em favor de lojas de conveniências
O titular da secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) Ericlaudio Alencar prometeu na manhã desta segunda-feira (03) no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9) fechar o cerco contra o tráfico de drogas sintéticas que vem se intensificando no Amapá. Somente na última semana foram feitas duas apreensões. No último sábado (01) um homem foi preso na Orla de Macapá; com ele foram apreendidas 164 pílulas de ecstasy, dez caixas de anabolizantes e 250 cartuchos calibre. A DTE (Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes) descobriu que ele recebia encomendas pelo WhatsApp e entrega a droga em bares e festas ‘raves’.
No dia anterior uma mulher já havia sido presa em uma casa localizada no bairro Marabaixo II (Zona Oeste de Macapá) graças a uma denúncia anônima. Com ela foi apreendido meio quilo de ‘skank’, que é uma maconha com poder alucinógeno sete vezes maior que a maconha tradicional, notas falsas de dinheiro, um revólver calibre 38, ecstasy e 21 porções de MD, que é uma composição extraída do ecstasy, também, modificado em laboratório, e que tem alto poder de alucinação. As duas ações foram comandadas pelo delegado Sidney Leite, titular da DTE
Para Ericláudio Alencar a situação é “preocupante” e exige pronta resposta da área de segurança. Segundo ele, entretanto, é necessário que haja mais colaboração por parte da prefeitura de Macapá no sentido de evitar a concessão de licenças para a realização de festas ‘raves’.
“Nas últimas semana as drogas sintéticas passaram a dominar paginas policiais graças às ações dos nossos investigadores, que culminaram com a prisão de prenderam várias pessoas com drogas até então desconhecidas no estado, como ‘Skank’ e MD, que é derivado do ecstasy, que são comercializadas principalmente em festas ‘raves’, a policia tem dado a resposta, mas é necessário que órgãos de fiscalização, principalmente da prefeitura de Macapá também colaborem no sentido de não conceder licença para que eventos como esses, que duram 24, 48 horas aconteçam”, ponderou.
Protagonismo
Para o secretário, o tráfico de drogas cresce de forma crescente em todo o estado: “Realmente, as drogas assumiram protagonismo em nossa sociedade; hoje em qualquer lugar que a gentei vai encontra três, quatro casas vendendo drogas, isso em qualquer comunidade; e as drogas sintéticas, assim como o chegaram avassaladora; o importante é que a gente já estava preparado para esse combate, mas a surpresa é a forma como elas chegam aqui, através da fronteira com a Guiana Francesa; o problema maior é que muitos jovens não resistem às drogas, por isso vários países estão partindo para a descriminalização para o usuário”.
De acordo com Ericláudio, o foco maior da Sejusp é o combate ao traficante: “Estamos empenhados em combater o tráfico, e toda a população tem que se conscientizar que essas sintéticas, que são fabricadas na Europa, possuem elevadíssimo poder de destruição; uma só pílula, por exemplo, contém cerca de 100 substâncias sintéticas, o que dificulta até mesmo a constatação, sendo necessário que os nossos laboratórios estejam muito bem preparados para identificar essas substâncias”.
O secretário revelou que uma emenda parlamentar da bancada do Amapá vai destinar R$ 90 milhões para equipar a Politec (Polícia Técnica e Científica): “Vamos usar todos os recursos da emenda de R$ 90 milhões destinada pela bancada federal para equipar a Politec, que precisa se modernizar; mas também precisamos pensar mais nos nossos filhos, o que estão fazendo, o que estão trazendo, com quem estão andando; quando uma criança ou adolescente é viciado em droga sintética como o ecstasy é muito difícil o combate por se tratar de uma chaga social; tivemos grandes apreensões nesse fim de semana, significando dizer que ganhamos esse ‘primeiro turno’ de combate graças ao trabalho diuturno incansável das equipes comandadas pelos delegados Sidney Leite e Maria de Lourdes, e agora vamos intensificar essas ações”.
Ao ressaltar que a população tem tido papel fundamental nas apreensões de drogas, Ericláudio Alencar comentou sobre a ascensão das mulheres no tráfico: “Infelizmente as estatísticas mostram que as mulheres não apenas assumem o papel do marido traficante preso, pois elas estão migrando naturalmente para essa atividade; pesquisa oficial mostra que 90% das mulheres que estão na prisão foram levadas para o tráfico por maridos, companheiros, com várias desculpas, como o sustento da família; estamos muito atentos a isso e esse trabalho investigação detecta muito essa situação”.
Liberação de licenças
Para combater o tráfico de drogas, na opinião de Ericláudio, tem que haver a participação da prefeitura: “Nesse 2º semestre vai intensificar ainda mais os trabalhos de investigação, com especial atenção para essas festas ‘raves’, mas é fundamental a participação do Poder Público Municipal, que é quem expede as licenças; já reuni com o comandante do Corpo de Bombeiro Militar para pedir um critério muito apertado para liberar as ‘raves’, porque temos que fazer um controle muito rígido, considerando que é contumaz o tráfico e o consumo de drogas, principalmente as sintéticas, nesses locais. E isso tem que ser feito porque não queremos nossa juventude envolvida com drogas, principalmente as sintéticas, que possuem alto poder de destruição, inclusive avarias sérias no cérebro”.
Emissão de licenças
Logo após concluída a entrevista com Ericlaudio Alencar, a produção do programa LuizMeloEntrevista recebeu um telefonema do secretário municipal do Meio Ambiente de Macapá (Semam), Jorge Souza. Ele esclareceu que as licenças expedidas pela prefeitura são apenas para permitir a utilização de som, mas mesmo assim só são concedidas após o funcionamento dos eventos serem autorizados por órgãos do Estado, como o Corpo de Bombeiros e a própria secretaria de segurança.
“Esclareço à população que as licenças expedidas pela secretaria do Meio Ambiente da prefeitura de Macapá, por incumbência Constitucional, para a realização de eventos noturnos, obedece a critérios rígidos, e todas elas, sem exceção, obedecem ao pré-requisito de já terem sido autorizadas pela secretaria de Segurança Pública e pelo Corpo de Bombeiros; e se já foram autorizadas por esses dois órgãos somos obrigados a emitir a licença, não podemos nos omitir dessa obrigação e ao livre arbítrio negar um pedido devidamente respaldado por segurança jurídica”.
Sobre o funcionamento dessas ‘raves’, cujos eventos duram até 48 horas, que são chancelados por licenças expedidas para lojas de conveniências, o secretário admitiu a irregularidade, mas ponderou que a fiscalização feita pela Semam é permanente para coibir combater ilegalidades:
– Na semana passada eu tive um encontro com o secretário Ericlaudio e estamos trabalhando conjuntamente com a Promotoria do Meio Ambiente, Juizado de menores e com a Polícia Militar, através do Batalhão Ambiental, mas independente dessas ações conjuntas fazemos fiscalização semanal em todos os eventos licenciados por nós; a bem da verdade não podemos evitar que alguns (eventos) ultrapassem o horário porque fazemos um calendário no final de semana com vários eventos, o que nos impede de voltar ao primeiro fiscalizado, por exemplo, mas nós temos sido muito rigorosos no cumprimento dos horários – garantiu.