Política

Estados criticam decreto de Bolsonaro e não admitem perder voz na Amazônia

O assunto será discutido no próximo encontro de governadores, marcado para março


O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), considerou que “não tem como dar certo” as futuras medidas do novo Conselho Nacional da Amazônia Legal. Em decreto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) excluiu os governadores da região do órgão de assessoramento.

Góes é presidente do Consórcio Interestadual dos Estados da Amazônia Legal. Para ele, é importante que o governo federal escute os governos locais antes de tomar alguma medida que influencie na região. “Não admitimos qualquer debate e iniciativa de ação, de controle e alternativas sem a participação dos amazônidas. É inconcebível”, diz.

O colegiado, que antes era vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, agora é comandado pela Vice-Presidência, além de outras 14 pastas, sem a presença dos nove governadores da Amazônia Legal. “Olha, não tem como dar certo. Se não for criada uma metodologia que o conselho considere, prioritariamente, valorizar e escutar o conhecimento dos agentes locais da sociedade civil, não tem como dar certo. A construção deve ser coletiva e integrada”, comentou. O pedetista ainda considerou que, comparado ao decreto de criação do conselho em 1995, o vigente é um “retrocesso” e “inconcebível”.

Articulação

Os governadores que compõem Consórcio Interestadual da Amazônia Legal articulam alinhar um posicionamento para alguma medida prática a ser debatida no próximo fórum do colegiado regional, a ser realizado em março, em Belém. “É lamentável, né? Se considerarmos o decreto de 1995, que garantia a participação dos governos, é um retrocesso muito grande, mas, sobretudo, lamentável”, diz Góes.

O líder do fórum dos governadores da Amazônia ainda ressaltou que o ato do governo federal vai ao encontro do que o próprio presidente Jair Bolsonaro critica: a interferência externa em assuntos da Amazônia. “Quando é a comunidade internacional querendo ajudar, o governo federal questiona. Mas quando o governo federal quer pensar as estratégias para a Amazônia sem a nossa participação, está reforçando uma tese que ele mesmo critica”.


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