Ex-presidente da UNA se diz vítima de armação sobre tentativa de recebimento de recursos públicos
Iury Soledade nega que tenha usado perfil falso da deputada federal Aline Gurgel (PRB-AP) para tentar receber R$ 300 mil.

Elden Carlos
Editor-chefe
Condenado na terça-feira (24), pelo juiz Ailton Vidal, da 2ª Vara Criminal de Macapá, a cumprir pena de cinco meses e 20 de prisão pelo crime de estelionato (Art.171), o ex-presidente da União dos Negros do Amapá (UNA), Iury Lorran Silva da Soledade, de 24 anos, falou sobre o caso na manhã desta quinta-feira (26) durante entrevista ao programa radiofônico LuizMeloEntrevista (Diário 90,9FM).
Segundo denúncia do Ministério Público do Amapá, em 2019 Iury se fez passar pela deputada federal Aline Gurgel (PRB-AP), a quem apoiou durante campanha eleitoral, para obter vantagens financeiras de agentes públicos. Para isso o ex-presidente criou um perfil falso no Whatsapp, se passando pela parlamentar. Iury Soledade foi investigado pela 6ª Delegacia de Polícia Civil através do inquérito policial nº 421/2019.
Ele declarou que vai recorrer da decisão e pedir que o caso seja reavaliado pelo judiciário. “Vou recorrer dessa sentença por entender que 5 meses e 20 dias, pra mim, é uma medida socioeducativa. Não irei de encontro à justiça, mas acredito que estou em pleno direito de correr atrás deles [direitos] e irei recorrer ao Tjap (Tribunal de Justiça do Amapá) para que eles possam avaliar no caso novamente, através de uma apelação”, disse.
Sobre o recebimento de recursos de forma indevida, mediante fraude, Iury garante que houve uma trama contra ele, e que nunca houve sequer uma tentativa de recebimento. “O que eu posso afirmar são duas coisas, e que o próprio juiz do processo já avalia: uma, que não houve recursos nas minhas contas e que eu não tive posse desses recursos. O que ele [juiz] se baseia na decisão, é através das testemunhas que dizem que houve uma tentativa. Essas testemunhas, assim como eu, também eram apoiadoras da deputada na época, né, todos eram assessores, todos trabalhavam pra ela, e fica claro que ai existe uma indução da justiça ao erro”, declarou.
Iury afirma que não chegou a tentar receber os valores, de acordo com o que narra a denúncia. “Eu não cheguei a tentar e por isso irei entrar na justiça, mais uma vez. Não sou ladrão de dinheiro público, não preciso sobreviver disso. Hoje eu trabalho, ganho um salário mínimo, sobrevivo com isso, com a ajuda da minha família e eu irei provar na justiça para que a sociedade possa, de verdade, compreender que não houve nenhuma tentativa, como o próprio juiz reconhece na decisão que eu não me apropriei do recurso”, afirma.
Iury disse que há época usava, sim, a foto de divulgação da campanha da então candidata Aline Gurgel no perfil do seu Whatsapp, mas como forma de publicidade eleitoral. Ele acusa um aliado político da parlamentar de ter recebido os recursos. “Eu usava a foto de campanha dela no meu celular. Quem falava no celular, era eu, só que existem conversas arquivadas no processo que não são do meu Whatsapp. Essas conversas é que eu irei provar que não existiam de forma alguma. Esse recurso foi liberado para execução do Encontro dos Tambores, e quem recebeu, na época, foi um assessor da deputada, chamado Edielson Pinheiro, que apoiou a parlamentar pra prefeita, quando ela foi candidata, e em outros momentos políticos”.
O ex-presidente da UNA revelou ainda que o aparelho celular, supostamente usado para pedir a liberação dos valores, sequer foi periciado. “Não foi feita, pela justiça, uma perícia no telefone pra dizer que as conversas eram realmente do meu telefone. É muito fácil você pegar um celular e montar uma conversa de Whatsapp e dizer que a culpa e de A ou B. O que eu quero é que a justiça investigue. Já deixei minhas contas bancárias à disposição, meus telefones à disposição, porque ladrão de dinheiro público eu não sou.”
Soledade reafirmou que Edielson foi quem denunciou o suposto pedido de liberação de recursos e quem se beneficiou dos recursos teria sido o próprio denunciante. “O recurso foi liberado para ser feito o Encontro dos Tambores e caiu, inclusive, na conta bancária da empresa do senhor Edielson, que era apoiador da deputada Aline, assim como eu. Então, se alguém se prevaleceu desse recurso não fui eu. Ficou claro pra justiça, através das testemunhas, das alegações, que eu não peguei recurso. Não houve, da minha parte, tentativa alguma de obter vantagem e por isso vou levar o processo ao Tribunal de Justiça para provar minha inocência”, concluiu.
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