HC de Lula gera debate acirrado no rádio entre ouvinte e Antônio Nogueira
Presidente do PT no Amapá diz que decisão judicial só é cumprida para prender, mas descumprida para colocar em liberdade.

O programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9) desta segunda-feira foi quase totalmente voltado para a discussão da polêmica sobre o Habeas Corpus (HC) concedido no dia anterior pelo desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), de Curitiba, em seguida revogado pelo relator da Operação Lava Jato no Tribunal, desembargador João Pedro Gebran Neto, posteriormente mantido pelo Plantonista, culminando com a manutenção do ex-presidente Lula na prisão, por decisão do presidente do TRF4, desembargador Thompson Flores.

Em entrevista concedida a uma rádio do Rio Grande do Sul, Rogério Favreto criticou duramente o juiz Sérgio Moro, segundo ele, afrontar decisões do TRF4 e do Supremo Tribunal Federal (STF), e justificou a concessão do HC a Lula, afirmando que fundamentou sua decisão em um fato novo, isto é, o impedimento, pela juíza da Vara de Execução Penal de Curitiba, de o ex-presidente exercer o direito Constitucional de livre expressão para participar de debates e divulgar a sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, ressaltando que absolutamente nada impede o petista de se registrar a sua candidatura porque a sentença condenatória ainda não transitou em julgado.

Consultor jurídico do Grupo Diário (Jornal, Rádio e Revista), o advogado Helder Carneiro defendeu a conduta de Favreto, por ter sido fundamentada no fato novo considerada na decisão que concedeu liberdade ao ex-presidente e lamentou que Sérgio Moro tenha se manifestado publicamente contra decisão de um magistrado hierarquicamente superior, com a agravante de se encontrar de férias. “Como bem disse em meio a essa polêmica a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, os ritos têm que ser cumpridos, e o desembargador plantonista era competente sim para decidir, por isso a decisão teria que ser cumprida imediatamente, soltando o Lula, e se quisessem mantê-lo encarcerado que decidissem no momento oportuno por nova prisão”, aditou o advogado.

Bate-boca no ar
O presidente do PT no Amapá, ex-prefeito Antonio Nogueira, também defendeu a decisão do desembargador plantonista: “A decisão foi correta, dentro da normal legal, não dentro da norma política, como muitos fazem; dizer, como alguns estão dizendo, que o desembargador foi filiado ao PT, não tem nada a verde. Decisão judicial é pra ser cumprida, mas infelizmente no que diz respeito ao Lula, só é cumprida para prender, tanto que pra soltar foi descumprida. Quem não gosta do Lula que não goste, que vote contra, mas tem que garantir o direito dele de se candidatar. Agora discutir a questão sobre outra ótica isso preocupa, e depois ainda dizem que ‘pau que bate em Chico, em Francisco’; ora, isso é papo furado, o pau deu no Chico, mas o direito do Francisco não está sendo dado”.
Em seguida Nogueira atacou a imprensa, inclusive o programa, por, no entendimento dele, terem atacado gratuitamente o ex-presidente Lula. “Só não vê quem não quer, entram apenas na questão política, vocês da imprensa falam sobre o caso com muito rancor, muito ódio… Não é possível que uma pessoa, um ser humano viva tudo o que ele (Lula) está vivendo!”, arrematou, no que foi contestado por uma ouvinte, que se identificou como Rita:
– Não é uma questão de ódio, presidente Nogueira, se ele errou tem que pagar pelos atos cometidos. E agora eu faço uma pergunta ao senhor, como o filho do Lula. O Lulinha, que trabalhava num zoológico ficou tão rico, dono da Oi (operadora de telefones) e da Friboi? De onde vem esse dinheiro? Estudo ele não tem e o pai também nunca teve estudo; meu pai quando trabalhava na Icomi, era operário, não tinha estudo e permaneceu operário; ele inclusive me pediu pra votar no Lula e eu o questionei, pai como eu posso votar num analfabeto? Se roubou galinha vai preso, porque não ele? Então solta todo mundo. Não é questão de ódio no coração, é de cumprir a lei. Nogueira replicou:
– Você sabe, aliás, todos vocês da imprensa sabem que ele não é dono da Oi, que ele não está rico, todos sabem; vocês sabem disso estão fazendo um mal pro Brasil, vamos parar com esse ódio, com esse rancor! Vamos chegar aonde pelo amor de Deus?.
Após disparar ataques à imprensa e ao programa, Antônio Nogueira foi repreendido pela ouvinte: “Eu conheço o senhor desde a Unifap (Universidade Federal do Amapá); o senhor tinha uma conduta e agora mudou por causa da política; agora não venha falar (mal) da imprensa, do Luiz Melo. Eu trabalho todos os dias para me manter, não conheço pessoalmente o Luiz Melo e não sou paga pra falar isso; seja coerente e aceite a derrota do candidato, do seu partido. E não entendo de política, longe de mim me envolver na política, porque da política só sai mentirosos e ladrões; e ladrões! Porque roubam o nosso país, que está nessa situação por causa dos políticos, desses safados, que metem o dinheiro no bolso e não fazem nada!”, finalizou.
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