Presidente do PTB no Amapá, Eduardo Seabra presta esclarecimentos à PF
Ex-deputado federal esteve prestando esclarecimentos na sede da PF, no Amapá, na manhã desta terça-feira (11).

Paulo Silva
Editor de Política
Presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), no Amapá, o ex-deputado federal Eduardo Seabra confirmou ao Diário que esteve na manhã desta segunda-feira (11) na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Macapá, para prestar esclarecimentos durante o andamento da operação Ross, que faz buscas em endereços de políticos em oito estados, incluindo o Amapá, e no Distrito Federal, tendo como principal alvo o senador Aécio Neves (PSDB).
Não houve pedidos de prisão. As investigações partiram de um dos termos da delação do grupo J&F (controlador do frigorífico JBS), que teria feito pagamentos de R$ 110 milhões por interesse do tucano.
Eduardo Seabra disse que recebeu intimação para prestar esclarecimentos sobre recursos (valor não revelado) doados ao PTB pela empresa J&F durante a campanha da eleição geral de 2014. “Estive na Polícia Federal ainda pela manhã, prestei as informações e já estou em casa. A PF não esteve em minha residência e nem fui alvo de busca e apreensão”, informou Seabra.
Segundo Ricardo Saud, ex-diretor do grupo, a JBS comprou apoio de 12 partidos para formar a coligação que apoiou Aécio nas eleições de 2014. O PTB nacional teria recebido R$ 20 milhões – (R$ 18 milhões em doações oficiais / R$ 2 milhões em espécie a Luiz Rondon, tesoureiro do partido).
Um dos partidos beneficiados, segundo a colaboração, foi o Solidariedade, que teria recebido R$ 15,27 milhões. O presidente da legenda, Paulinho da Força (SDD-SP), também é investigado na operação de hoje. Aécio acabou derrotado no segundo turno em 2014 por Dilma Rousseff (PT), no segundo turno, por uma diferença de 3,5 milhões de votos.
Aécio também teria, segundo Saud, recebido R$ 5,3 milhões em espécie, em setembro de 2014 (o dinheiro teria sido recolhido por Frederico Pacheco, o Fred, primo do senador), além de R$ 11 milhões em notas frias emitidas pela JBS contra três empresas. A relação do tucano com a JBS já seria antiga. Segundo Saud, Aécio favoreceu o grupo enquanto era governador de Minas Gerias, liberando mais de R$ 24 milhões em créditos de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e prometendo atuar pelos interesses da empresa caso fosse eleito presidente.
Segundo a delação de Ricardo Saud, Aécio orientou a compra de 12 partidos que compuseram a coligação com o PSDB. O total de dinheiro distribuído às legendas foi, de acordo com a colaboração, R$ 43,17 milhões. Um dos partidos comprados foi o PTB, comandado por Roberto Jefferson.
A operação
O nome da operação, Ross, é uma alusão a um explorador britânico que dá nome à maior plataforma de gelo do mundo, na Antártida. É uma referência às notas fiscais frias que são investigadas. A ação foi um desdobramento da Operação Patmos, deflagrada pela PF em maio de 2017. Oficialmente, são investigados três senadores e três deputados: do Senado, Aécio Neves (PSDB-MG), Agripino Maia (DEM-RN) e Antonio Anastasia (PSDB-MG). Da Câmara, Paulinho da Força (SDD-SP), Benito da Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).
Por parte de Aécio, a PF esteve em endereços do parlamentar e da irmã, Andréa Neves (que chegou a ser presa e é apontada como operadora do tucano), em Belo Horizonte, e também no Rio de Janeiro. Aproximadamente 200 policiais cumprem 24 mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Foram feitas 48 intimações para interrogatórios.
As medidas foram cumpridas no Distrito Federal e nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Tocantins, e Amapá. Os crimes investigados são corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
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