Presidente Lula saúda senador Randolfe pela posse na Academia Amapaense de Letras
Chefe do país conta reminiscências de 30 anos atrás, quando o hoje líder do governo federal no Congresso Nacional era apenas “um moleque de uns 17 anos”

Douglas Lima
Editor
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saudou, através de mensagem escrita lida pelo acadêmico Ruben Bemerguy, os mais novos imortais do Amapá, o senador Randolfe Rodrigues e Sânzia Fernandes Brito, que ascenderam à Academia Amapaense de Letras (AAL) nessa sexta-feira, 24.
A saudação presidencial, inicial, foi dirigida ao presidente da AAL, Paulo Guerra, depois à Sânzia Brito, para se fixar em Randolfe Rodrigues, com Lula lembrando de quando o senador era um “moleque” de uns 17 anos, numa plenária do PT, fazendo o melhor discurso de todos.
O Presidente conta que na ocasião, há cerca de 30 anos, aconselhou o moleque de uns 17 anos, a estudar, atividade que Randolfe Rodrigues absorveu muito bem, conseguindo fazer Curso de História, depois Direito e Mestrado em Ciência Política.
A saudação do presidente Lula da Silva é fechada com um excerto de versos de poesia do amapaense Alcy Araújo, “que o Randolfe vive declamando por onde passa”.
Acompanhe a Mensagem do Presidente do Brasil:
“Mensagem do Presidente Lula para a posse do senador Randolfe Rodrigues na Academia Amapaense de Letras
Quero saudar o presidente da Academia Amapaense de Letras, Paulo Fernando Batista Guerra, em nome de quem saúdo todas e todos os imortais dessa Academia.
Quero saudar a nova imortal, Sânzia Fernandes Brito, em nome de quem saúdo as autoras e os autores presentes nessa solenidade
Quero fazer uma saudação especial ao imortal Randolfe Rodrigues, de quem tenho a honra de ser amigo, companheiro de luta e padrinho de casamento.
Eu lembro que no início dos anos 90 estive em Macapá participando de uma plenária do Partido dos Trabalhadores, no Sindicato dos Urbanitários.
Era um momento em que o PT enfrentava profundas divisões internas.
O primeiro orador pegava o microfone e falava uma coisa, vinha o segundo orador e discordava do primeiro, vinha o terceiro e discordava dos dois primeiros, e assim por diante.
Até que um moleque de uns 17 anos pegou o microfone e disse que a nossa prioridade tinha que ser o confronto contra a desigualdade. Que não fazia sentido a gente ficar se digladiando enquanto tinha tanta luta do lado de fora.
No final da plenária, quando chegou a minha vez de discursar, eu disse o seguinte:
“A fala mais sensata que eu ouvi hoje veio de um menino de 17 anos. Ele disse o que todos nós precisávamos ouvir: que em vez de brigar do lado de dentro, a gente tem que brigar do lado de fora. É por causa dessa juventude que eu acredito no futuro do PT.”
Na sequência, eu conversei com aquele menino. Perguntei o que ele ia fazer da vida, e dei o seguinte conselho:
“Estuda. Não tem nada mais precioso para o trabalhador do que ele se dedicar ao estudo”.
O tempo passou, e eu nunca mais tive notícia daquele menino. Até que no ano passado estive em Macapá com o Randolfe, e ele começou a me mostrar umas fotos antigas que ele tem guardadas. E numa das fotos eu me vejo ao lado daquele menino.
Só aí me dei conta que o senador Randolfe Rodrigues – com quem ao longo do tempo eu desenvolvi uma relação de amizade e companheirismo – era o mesmo menino do discurso mais sensato daquela plenária de 30 anos atrás.
E eu soube então que aquele menino seguiu meu conselho: dedicou-se aos estudos, concluiu o curso de história, depois fez Direito, depois o mestrado em Ciência Política.
Entrou para a política, e foi eleito deputado estadual, depois senador. Presidiu a CPI da Covid, e em 2022 aceitou o convite para atuar na coordenação da minha campanha à Presidência.
Por isso, faço questão de parabenizar o Randolfe. Não apenas pelos livros que escreveu. Não apenas pela posse de hoje na Academia Amapaense de Letras. Mas também pela sua trajetória de vida e de luta em defesa da democracia e de um Brasil mais justo.
Quero fazer também uma saudação a todas as pessoas do Amapá, do Brasil e de qualquer parte do mundo que se dedicam à arte de escrever. De escrever histórias, de escrever A História.
Porque mais do que nunca precisamos ler. Ler para compreender o mundo. Ler para mudar o mundo.
Os livros, a arte, a cultura, a ciência e o conhecimento serão sempre nossa arma contra aqueles que pregam a intolerância, a mentira e o ódio, e se acham donos do mundo.
Quero terminar dedicando a todas e todos os versos do poeta amapaense Alcy Araújo, que o Randolfe vive declamando por onde passa:
“Estou convosco /
Voluntariamente aumento o efetivo
dos que não se conformam em viver de joelhos.
(…)
Meu filho /
e o filho do meu filho /
saberão que o meu poema não se omitiu
quando vossas vozes fenderam o silêncio /
e ecoaram nos ouvidos de Deus”.
Um grande abraço,
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil”
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