Segunda fase da Operação Cícero atinge deputada Aline Gurgel e pessoas ligadas a ela
Desvendou-se que a parlamentar orientava integrantes do esquema sobre a entrega de vantagens em troca de votos

Paulo Silva
Editoria de Política
Cumprindo decisão do juiz Luiz Nazareno Borges Hausseler, da 2ª Zona Eleitoral de Macapá, a Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira (9) a segunda fase da Operação Cícero, com o objetivo de combater esquema criminoso de captação de votos durante o primeiro turno das eleições gerais de 2018 em Macapá.
Policiais Federais deram cumprimento a mandados de busca e apreensão expedidos pelo juiz contra Odir Nobre Cantuária, Eliana de Fátima Aguiar Freitas, Edson Cristovão do Nascimento Lima Castelo, Hugo Tibiriçá Paranhos Cunha, Jussara Souza Duarte, George Sávio Oliveira Borralho e Ângelo de Souza Ferreira.
A partir da análise dos materiais e equipamentos colhidos na primeira fase da operação, em dezembro do ano passado, desvendou-se que a deputada federal Aline Gurgel (PRB-AP) orientava os demais integrantes do esquema sobre a entrega de vantagens em troca da obtenção de votos.
Ao menos R$200 mil foram empregados na captação ilícita de votos, segundo a acusação do MP Eleitoral, e Aline Gurgel foi a quarta mais votada entre os oito deputados federais do Amapá, obtendo 16.519 votos (4,53%).
A autoridade policial chegou a pedir a decretação das prisões de Eliana de Fátima Aguiar Freitas, Edson Cristovão do Nascimento Lima Castelo, Hugo Tibiriçá Paranhos Cunha, Jussara Souza Duarte, George Sávio Oliveira Borralho, Ângelo de Souza Ferreira e Hildegard de Azevedo Gurgel (marido de Aline), mas não foi atendido.
A deflagração da segunda fase da operação Cícero ocorreu depois da perícia no telefone celular da deputada Aline Gurgel, na qual foram colhidos novos indícios dos crimes de compra de votos e transporte irregular de eleitor. O Ministério Público opinou pelo indeferimentos das prisões temporárias e pelo deferimento da medida cautelar de busca e apreensão, manifestando-se ainda favoravelmente a autorização para acesso ao conteúdo dos telefones, computadores e arquivos eletrônicos apreendidos.
PRIORIDADES ALINE
Do farto material apreendido na primeira fase da operação, chama a atenção o grupo criado mo Whatsapp intitulado “Prioridades Aline”, com intensa articulação entre alguns dos investigados cuja coordenação, ao menos em tese, estava a cargo de Jussara Souza Duarte, apontada pela PF como assessora da parlamentar.
Das conversas extraídas, registra-se o dialogo entre Aline Gurgel e Eliana de Fátima Aguiar Freitas, no qual Eliana solicita R$1,5 mil que seriam usados em troca de 100 votos no IAPEN (Instituto de Administração Penitenciária do Amapá).
Outros diálogos, de acordo com a autoridade policial, sinalizam fortes indícios de participação de Edson Cristovão do Nascimento Lima Castelo, Hugo Tibiriçá Paranhos Cunha, Jussara Souza Duarte, George Sávio Oliveira Borralho e Ângelo de Souza Ferreira nos crimes. Aline Gurgel teria tomado R$50 mil emprestados por Odir Cantuária, conforme mostrou gravação, daí ele ter sido incvluido na busca e apreensão para a coleta de elementos que comprovem a transferência bancária ou a destinação dos recursos.
Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de associação criminosa, compra de voto e transporte coletivo de eleitores. Se condenados, podem cumprir pena de até 13 anos de reclusão.
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