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Geólogo defende retirada de búfalos do Lago Piratuba

Antonio Feijão diz que retirada de 70 mil animais é necessária para que rio Araguarí não seja riscado do mapa


O geólogo e ex-deputado federal Antônio da Justa Feijão defendeu na manhã desta terça-feira, 28, no programa LuizMeloEntrevista (Diário 90.9FM) a retirada dos cerca de 70 mil búfalos existentes na região do Piratuba para evitar que o Rio Araguari seja completamente destruído pela ação predatória dos animais: “O consumo anual é em torno de 1 mil bovinos e, na outra ponta, quase 100 milhões de frangos congelados. Eles têm que ser remanejados imediatamente, porque o que fizeram com o canal de Urucurituba, matando o rio em menos 20 anos, juntamente com a hidrelétrica do paredão, vão fazer com impacto maior ainda com o Araguarí. Decididamente, 70 mil búfalos não valem mais do que esse patrimônio natural”.

De acordo com Feijão, o que já começa a acontecer naquela região é a formação de um complexo de ilhas: “Se não fizerem a retirada dos búfalos, o Rio Araguari vai dar lugar a dezenas, centenas de pequenas ilhas, com os animais caminhando permanentemente entre umas e outras ilhas. Ninguém pode prever quando e como esse processo vai se consolidar, mas que isso vai acontecer se as providências não forem tomadas, esse resultado catastrófico é irreversível”.
 
Inundação em Porto Grande
Convidado pelo apresentador do programa, Luiz Melo, que é o presidente do Grupo Diário de Comunicação, o especialista foi ao programa para comentar sobre a reportagem publicada na edição deste mês da Revista Diário, onde prevê uma grande inundação em Porto Grande que vai deixar, literalmente, a cidade debaixo d’água. O Município está localizado nas margens do longo do Rio Araguari, bem próximo de Ferreira Gomes, que foi atingida pelas águas do Rio Araguari em maio deste ano, após a abertura das comportas da usina hidrelétricas Cachoeira Caldeirão, que está em fase de construção, deixando quase duas centenas de famílias desabrigadas e um grande raio de destruição, cujos prejuízos ainda estão sendo contabilizados pelas vítimas.

Durante a inundação, várias casas foram destruídas – inclusive uma foi levada praticamente inteira rio abaixo, ficando à deriva durante vários dias. Além de residências e estabelecimentos comerciais, vários órgãos públicos foram inundados, entre os quais a sede do Ministério Público e o Fórum da Comarca, destruindo processos, móveis e equipamentos.

“Sem qualquer tentativa de menosprezar os efeitos catastróficos da inundação impostos a Ferreira Gomes pela cheia do Rio Araguari no período de maior volume de chuvas nos meses de maio deste ano, a tragédia vai acabar representando uma festa junina se comparada à cheia que vai atingir o município de Porto Grande nos meses de abril a maio do ano que vem, por causa da barragem da UHE Cachoeira Caldeirão e da inexplicável falta de obras de proteção e contenção da cidade a eventuais fenômenos causados pela formação do Lago da Hidrelétrica do Caldeirão, o que vai se constituir, comparativamente, a uma grande festa de carnaval, diante das proporções gigantescas das inundações”, afirma Antônio Feijão na reportagem.

O especialista explica que a cheia de um rio em curso normal passa de certa forma rápida, mas no caso de uma cheia provocada por um lago, ou seja, pela criação de um grande reservatório, durará meses, pois a empresa irá represar o máximo de volume d’água que é na realidade seu capital de geração de renda. Quanto mais água, mais a empresa gera energia e aumenta ainda seu faturamento em dinheiro.

Perito e auditor ambiental, Antônio da Justa Feijão explica que a grande inundação vai ocorrer em decorrência das fortes chuvas que comumente caem em grandes quantidades nas cabeceiras dos tributários do Rio Araguari, no período de maior densidade pluviométrica anualmente: “Essas águas chegarão a Porto Grande e encontrarão toda a bacia hidrográfica tomada pelo grande lago da represa, totalmente cheio em sua cota máxima (maximorum). Sem encontrar mais espaço ocupar essa grande massa d’água só tem um caminho: as áreas mais baixas. Como Porto Grande não possui muro de arrimo e barragens de contenção dessa água e da “retro enchente”, teremos que assistir um desastre de grandes proporções e que se as instituições públicas não tomarem a frente uma atitude, essa mundividência será inevitável”.


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