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Laudo técnico vai apontar a causa da morte de peixes no Rio Araguari

A Hidrelétrica Ferreira Gomes Energia afirma que mortandade está diminuindo


A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) prossegue como os trabalhos de elaboração do laudo técnico que permitirá saber o que realmente causou a mortandade dos peixes que ocorreu na última sexta-feira, 13, no município de Ferreira Gomes.

O estudo prévio da Sema aponta que a vazão de água liberada acima do permitido pelas comportas da hidrelétrica Ferreira Gomes Energia, pode ter sido o fator predominante e causador da morte de mais de 200 quilos de peixes no rio Araguari.
De acordo com técnicos que estão investigando o caso, o grande volume de água liberado de uma só vez pode ter elevado o nível de oxigenação da água. É válido ressaltar que a hidrelétrica tem recomendação legal para não acionar as turbinas acima do limite permitido, especialmente durante o período de reprodução dos peixes.

O grande volume de água pode ter causado embolia nos peixes. A embolia acontece quando o sistema sanguíneo e pulmonar fica obstruído por coágulos decorrentes de bolhas de ar excessivas no ambiente aquático, provocando um processo de asfixia irreversível.

Esta é a quarta vez que o incidente ocorre em Ferreira Gomes. A primeira vez que os peixes apareceram mortos foi em agosto de 2014. Os outros registros ocorreram em outubro e novembro, no mesmo local. As espécies de peixes mais atingidas foram: acari, filhote, piranha, aracu e tucunaré.

Defesa
Em resposta aos questionamentos sobre a ocorrência de mortandade de peixes havida no Rio Araguari no último dia 13 de novembro do corrente ano, a Ferreira Gomes emitiu nota à imprensa, informando que, apesar da alta relevância da questão, através das coletas realizadas no dia do evento e dias subsequentes, foram retirados cerca de 100 quilos de peixes.

“Deve também ficar registrado que o evento do dia 13 de novembro não foi semelhante àqueles ocorridos anteriormente, fato que comprova o acerto, até então, dos procedimentos de manobra na operação da Usina, que impediram a ocorrência de mortes de peixes por mais de 12 (doze) meses de operação”, diz a nota, acrescentando: “Mostrando diligência e preocupação com o caso, desde a última ocorrência, a Companhia vem adotando as recomendações indicadas pelos maiores especialistas na área bem como por empresas deste mesmo ramo, que sofrem com situações semelhantes”.

A nota pondera, ainda, que, conforme apontado por tais especialistas, existem dezenas de registros de eventos de morte de peixes na operação de empreendimentos hidrelétricos, destacando-se que não há um procedimento padrão para este tipo de ocorrência, o que acaba por dificultar a obtenção de uma solução rápida e definitiva.

Ainda de acordo com a empresa, as primeiras análises sugerem que esta ocorrência específica pode ter relação com o início do período de piracema que, além da baixa vazão do rio, compreende a subida de uma grande quantidade de peixes até as proximidades da Usina. Nesse sentido, considerando que este é o primeiro período de piracema ocorrido desde o início da operação, a Companhia vem adotando novos procedimentos para este tipo de situação.

 

Ministério Público e senador Randolfe tomam providências sobre tragédia ambiental em Ferreira Gomes

O programa Café com Notícia (Rádio Diário FM), durante uma hora, das 18h às 19h desta terça-feira, 17, debateu os impactos ambientais que as hidrelétricas construídas ou em construção vêm causando no estado do Amapá, mais precisamente no rio Araguari.

No debate foram reveladas duas decisões concretas: a Promotoria de Justiça de Ferreira Gomes, por meio da promotora Fábia Regina, instaurou inquérito administrativo com a determinação de uma série de diligências para apurar as causas, as consequências, a extensão dos danos e os culpados pela mortandade de peixes no Araguari, dia 13 passado, e proposta do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de realização de audiência pública, nesta sexta-feira, em Ferreira Gomes, para debater o assunto.

Convidada para o debate, a empresa Ferreira Gomes Energia não mandou representante, mas se posicionou através de nota considerada pueril e sujeita a muitas ilações pela promotora de justiça Fábia Regina, e não condizente com a verdade para o presidente da Associação dos Atingidos por Barragens, Moroni Guimarães.

Na Nota, a Ferreira Gomes Energia dá a entender que os peixes mortos no rio Araguari foram vítimas do fenômeno da piracema. A promotora de justiça Fábia Regina contestou, dizendo que a produção de energia por meio hidroelétrico é uma atividade extremamente danosa, daí a obrigação dos seus responsáveis terem um conhecimento máximo do bioma local e trabalhar com precaução.

Moroni, por sua vez, satirizou a Nota ao dizer que não sabia que os peixes eram culpados por problemas na empresa hidroelétrica. “Isso nunca aconteceu antes da instalação desse empreendimento no rio Araguari”, disse o presidente dos atingidos por barragens, para quem o desastre ambiental matou cem toneladas de peixes, e não cem quilos como diz a empresa na Nota.

Além do senador Randolfe, promotora de justiça Fábia Regina e Moroni Guimarães, do debate participaram a apesquisadora da Embrapa, Ana Euler; o titulara da Delegacia do Meio Ambiente, delegado Sávio Pinto; e Sérgio Paulo, representando o Conselho Estadual do Meio Ambiente.


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