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Vigilância Sanitária revela fragilidade no combate ao Aedes em Macapá

Emanuel Bentes reclama de falta de pessoal para combater o mosquito. Segundo ele, dos cerca de 310 imóveis existentes na Capital, apenas 7,5% são vistoriados


Em aprofundado debate com a participação dos ouvintes, o programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9) reuniu na manhã desta segunda-feira, 15, o coordenador da Vigilância Sanitária do Estado, sanitarista Emanuel Bentes, o comandante do 34º Batalhão de Infantaria de Selva (34º BIS), coronel Robson Mattos, e a diretora-presidente da Companhia de Água e Saneamento do amapá (Caesa), Patrícia Brito. Em meio à intensa mobilização de órgãos federais, estaduais e municipais, empresas privadas e da sociedade, Bentes fez uma revelação dramática: o Amapá, como um todo, tem tido uma atuação pífia no combate ao Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, chikungunya e zika vírus.

“A situação do Amapá é muito grave, sim; os municípios, a quem cabe a responsabilidade maior de combater o vetor, não possuem estrutura logística e de pessoal para combater o Aedes aegypti de forma eficiente. Para que se tenha ideia do tamanho do problema, só em Macapá, por exemplo, são cerca de 310 mil imóveis, mas apenas 7,5% são vistoriados. Nós, da Vigilância Sanitária, com o apoio de vários órgãos, como o Exército Brasileiro, fazemos o que é possível, às vezes até mesmo além da nossa real capacidade, mas é necessário a implantação e implementação de políticas públicas mais eficazes, com ações preventivas fortes, com a participação efetiva de toda a população”, pontuou.

Apesar das dificuldades, o coordenador da Vigilância Sanitária acredita no poder de mobilização dos órgãos públicos e privados que formaram neste sábado uma força tarefa para combater o mosquito: “Eu acredito que venceremos essa guerra. As ações estão muito bem programadas, o empenho de todos os representantes dos órgãos envolvidos vai fazer o diferencial, mas é fundamental que todos os cidadãos participem, deem a sua parcela de contribuição; já conseguimos na década de 1980 erradicar o Aedes aegypti no Brasil, e vamos conseguir mais uma vez”, previu.

Ao comentar sobre a posição do Amapá em no enfrentamento ao Aedes, em que é um dos únicos dois estados em que não se registrou até agora um só caso de zika vírus, Emanuel Bentes pediu cautela: “Nós temos que ter muita cautela; essa estatística não representa muita coisa não, porque a zika é uma doença silenciosa; nós estamos sempre com um pé no freio, porque casos do zika vírus muitas vezes passam despercebidos; – aqui no Amapá estamos atentos porque de repente podemos ter circulação do vírus e a doença se disseminar até em forma de epidemia. Esperamos que isso não venha a ocorrer, por isso estamos trabalhando de forma muito efetiva no combate ao vetor, mas, reafirmo, não podemos nos descuidar. 

Fronteira vulnerável

O comandante do 34º BIS destacou a importância de se guarnecer as fronteiras do Amapá, através de isolamentos sanitários, para evitar que o zika vírus atinja o Estadp: “Esse trabalho que estamos desenvolvendo nas fronteiras é vital, para evitarmos o que aconteceu com a febre chikungunya, por exemplo, que chegou ao Amapá através da Guiana Francesa, atingindo diretamente o município de Oiapoque; na Guiana agora foi decretada situação de emergência por causa da epidemia do zika vírus; nossas fronteiras são muito bem protegidas pelo Exército, mas sem essas ações elas acabam se revelando vulneráveis às doenças; por isso a importância de uma barreira sanitária para impedir que o zika vírus venha a entrar no Oiapoque”.

Ao comentar sobre a atuação do Exército em missões que fogem à principal função que é defender a Pátria da cobiça estrangera, o comandante do 34º BIS retrucou: “O Exército Brasileiro ganhou uma dimensão muito além da sua função institucional através de incursões nas áreas social e de saúde; todas as instituições seguem naturalmente esse modelo; no caso específico do combate do Aedes aegypti, isso não é só problema do Ministério da Saúde, e sim de todas as instituições, de todos os cidadãos; no Exército a gente diz que não escolhemos a missão, porque estamos preparados para todas as missões; o próprio Ministro do Exército foi visto nas ruas neste sábado, por exemplo, nas ruas, fazendo panfletagem difundindo a necessidade de se combater mosquito transmissor dessas doenças que tanto vêm preocupando o país inteiro”.

De acordo com o coronel Robson Mattos, 710 homens do Exército foram mobilizados em todo o Estado neste sábado e, a partir de hoje, serão 210 homens atuando nos municípios de Macapá, Santana, Oiapoque e Laranjal do Jarí. “Não podemos concentrar todo o contingente de forma efetiva exatamente por causa da necessidade de continuarmos intensificando a preparação da tropa; nos próximos dias vamos incorporar 200 recrutas, e a preparação deles começa justamente na faixa de fronteira, em conjunto com as Forças Armadas de outros países; e, obviamente, não podemos ficar atrás”, conjecturou o comandante.


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