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Projeto ajuda a identificar casos de violência doméstica

Iniciativa busca orientar mulheres de todas as faixas etárias a respeito do tema e a buscarem apoio psicossocial, como a Casa Abrigo Fátima Diniz.


Prevenir a violência doméstica e familiar é o objetivo do projeto “Violência contra a mulher: entender para mudar a história”, que nesta última semana foi retomado pela Casa Abrigo Fátima Diniz (CAFD), instituição gerenciada pela Secretaria de Estado da Inclusão e Mobilização Social (Sims).

A iniciativa busca orientar mulheres de todas as faixas etárias a respeito da violência doméstica. O primeiro evento deste ano ocorreu na Universidade da Maturidade (Unimap), núcleo da Universidade Federal do Amapá (Unifap), que atende mulheres da terceira idade.

A equipe técnica abordou os tipos de violência doméstica e familiar, como identificar comportamentos que caracterizem a violência e como procurar ajuda na Rede de Atendimento à Mulher (RAM), composta por órgãos de proteção e combate à violência, como o Centro de Referência em Atendimento à Mulher (Cram); Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; Defensoria da Mulher do Amapá e Centro de Atendimento à Mulher e à Família (Camuf).

O encontro foi além da palestra se tornou uma oportunidade para tirar dúvidas, relatos e aconselhamentos. Que o diga a estudante da Universidade da Maturidade, Maria de Araújo, 66 anos, que considerou como um momento de desabafo. Maria ficou encorajada a compartilhar a dura experiência que se submeteu em um relacionamento abusivo, por nove anos, e que teve fim quando ela decidiu dar um basta às agressões físicas, denunciando o então marido e se libertando do cárcere emocional.

“Quando ficamos juntos, os filhos que moravam com ele me contaram que ele colocava a mãe deles de joelhos e espancava até sangrar, sem qualquer motivo. Eu não acreditava, pensava que diziam isso para gente se separar. Até que chegou o dia em que aconteceu comigo. Foi difícil de sair, mas eu consegui, pena que muitas não saem vivas”, relatou a ex-vítima.

Marinalva Batista é pedagoga, compõe a equipe técnica da Casa Abrigo Fátima Diniz e é uma das fundadoras do projeto, que nasceu em 2015. É ela quem reúne o perfil sociodemográfico das acolhidas na CAFD.

A pedagoga conta que esse é um trabalho educativo, preventivo e de empoderamento para que a mulher conheça seus direitos, priorize sua dignidade e vida, sem precisar vivenciar a situação extrema de estar em um abrigo por uma situação de violência. Também é permitido que os homens participem dos encontros para que conheçam seus limites e as consequências de maus-tratos às mulheres.

“A mulher não é só vítima. É uma cidadã com direitos. Logo, não pode se sujeitar a esse tipo de situação como se fosse algo normal. Por isso, fazemos esse trabalho de conscientização e mudança de realidade. Mas, no final, a escolha sempre será dela”, enfatizou Marinalva Batista.

A partir dessa necessidade de conscientizar as mulheres, a discussão está sendo levada além dos muros que cercam a Casa Abrigo, introduzindo o conhecimento a outras instâncias da sociedade.

“Através desse diálogo franco, combatemos esse mal que assola muitas mulheres, conseguimos identificar e encaminhar, para serviços específicos aquelas que estão sofrendo violência. E formamos multiplicadores da mensagem que defendemos: que a mulher não pode aceitar nenhum tipo de violência”, reforçou a pedagoga.

Cerca de trinta pessoas participaram do encontro. O próximo vai ocorrer no dia 5 de junho na Unidade de Polícia Comunitária do bairro Pedrinhas, em Macapá. As palestras podem ser solicitadas por escolas, faculdades e outras instituições que queiram abordar o tema.


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