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Desembargador e ambientalista Gilberto Pinheiro faz alerta sobre exploração de madeira no Amapá

Na visão do desembargador e ambientalista, mesmo com a cobertura florestal mais bem preservada do país e uma excepcional diversidade de ecossistemas, incluindo florestas de terra firme


Paulo Silva
Editoria de Política

Entrevistado no programa Nas Ondas do Judiciário – Um rio de Informações, o desembargador e ambientalista Gilberto Pinheiro, vice-presidente do Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap), reiterou sua preocupação com a frágil fiscalização sobre a exploração dos recursos naturais no Amapá, em especial a madeira. Participante de diversos congressos, seminários e demais eventos nacionais e internacionais sobre meio ambiente e recursos naturais, o vice-presidente do Tjap mais uma vez lembrou da experiência vivida no sul do Pará, onde ocupou cargos de delegado de polícia, promotor de Justiça e juiz de direito.

“Quando atuei no Pará vi o que era e o que destruíram. Entre Marabá e Serra Norte antes era uma enorme floresta, hoje você passa e está tudo desmatado e muitos justificam dizendo que faz parte do desenvolvimento. Aí eu pergunto: é esse desenvolvimento que nós queremos para o Amapá? Então espero não ver aqui o que vi no Sul do Pará”, alertou Pinheiro.

Na visão do desembargador e ambientalista, mesmo com a cobertura florestal mais bem preservada do país e uma excepcional diversidade de ecossistemas, incluindo florestas de terra firme, várzeas, cerrados, igapós e manguezais, “se não houver consciência e comportamento capazes de manter o equilíbrio ambiental, o Amapá certamente, daqui a alguns anos, perderá esse status”.

“Minha preocupação não é só com os assentamentos, é como estão retirando essa madeira, se está havendo fiscalização nesse manejo florestal. Tanto aqui quanto no Pará você tem de 250 a 300 árvores por hectare. Então você pode retirar uma média de cinco árvores por hectare e isso seria o manejo ideal, mais aí vem a ganância que desmata e destrói. Eu ando esse estado de ponta a ponta e vejo tanta beleza que poderia muito bem ser apresentada aos nossos visitantes como produto do ecoturismo, gerando emprego e renda para o nosso povo”.

O alerta do magistrado vem exatamente dessa observação constante que faz sobre o que ocorre nas estradas e municípios do estado, que percorre rotineiramente. “Vejo uma movimentação muito grande de homens e máquinas e madeira saindo. A pergunta que faço: está tendo fiscalização nesse manejo? É a minha preocupação e minha denúncia”, afirma Gilberto.

Meio Ambiente Urbano

Outra preocupação do desembargador é com o meio ambiente urbano, principalmente na capital onde há maior concentração populacional. A expansão urbana sem o devido planejamento tem ocasionado inúmeros problemas ambientais, mas é a falta de consciência de parte da população que vem gerando os maiores transtornos na destinação final e o descarte do lixo doméstico,  por exemplo.

“As pessoas jogam latas de cerveja, sacos plásticos, garrafas pet, lavam o carro na beira rio Amazonas como se o rio fosse lixeira. Isso acontece na frente das placas com anúncios proibindo a prática. As pessoas atiram o lixo de dentro do carro pra fora, na rua. Quer dizer, falta de educação ambiental. Há 30 anos eu venho falando que falta inserir na grade curricular a matéria sobre educação ambiental, mas ninguém ouve”, finalizou.


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