Pe. Claudio Pighin

Natal 2019


Ajoelhado no último banco da igreja, com a cabeça reclinada e bem segura entre as mãos, estava, um dia desse, um rapaz rezando sozinho. E ali permaneceu um bom tempo. Eu pensei: “por que preferia ficar na Igreja, sozinho, no lugar de se divertir num boteco junto com os outros colegas?” Aliás, naquele fim de semana, estavam bem lotados todos os bares da redondeza e todos manifestavam alegrias e descontração na diversão. Por que esse jovem preferiu ficar rezando na Igreja? Tinha sentido estar sozinho em um lugar tão diferente como a Igreja?

Estamos celebrando este ano o Santo Natal 2019. Há 2019 anos que nasceu Jesus.

Como a gente vive este grande acontecimento? Como aquele rapaz que preferiu ir para a Igreja rezar ou se divertir em festas como muitas pessoas fazem? Os mistérios de Deus se tornam inacessíveis para aqueles que procuram preencher a própria vida através dos barulhos e festas da vida. Eu creio que aquele rapaz, da Igreja, esteja no caminho certo: é por aí que conseguiremos dar sentido a nossa vida, a preenchê-la de verdade. Reconheço, também, que muitas pessoas estão fazendo coisas maravilhosas na vida delas. Verdadeiras conversões. Isto me leva a louvar a Deus por estes seus filhos/as tão queridos. São para mim verdadeiras testemunhas de fé. Este ano contemplo o nascimento de Jesus na vida dessas pessoas.

As palavras ressoam continuamente na minha vida: “Padre Cláudio, a minha vida parecia um inferno, mas depois que comecei a participar ativamente da vida da Igreja tudo mudou. Quer dizer, as dificuldades sempre me acompanham, mas é a maneira nova de enfrenta-las, talvez com uma cabeça mais fria, porque tenho a perfeita consciência que Deus está comigo”. E continua: “O tempo que perdi até agora quero recupera-lo, doando-me cada vez mais na vida da Igreja, porque este Jesus está fazendo tudo por mim, ele tem demais paciência comigo”.

Quem festeja o verdadeiro Natal de Jesus, e não aquele da festa dos barulhos, isto é, do consumismo, irá compreender que Deus não está longe dele e, portanto, se torna o seu mais importante aliado.

Desse jeito, quem faz esta experiência leva-o a saber discernir qual é verdadeiro Natal e como festeja-Lo. Eu desejo que todas as pessoas, que sempre me acompanharam e que me conhecem, possam fazer a verdadeira experiência do santo Natal de Jesus. Temos somente que ganhar com isso e nada a perder. Tenham coragem e não se deixem levar pelos falsos natais que o mundo do consumo propõe continuamente.

E o papa Francisco falou na homilia do Natal 2014: “Como acolhemos a ternura de Deus? Deixo-me alcançar por Ele, deixo-me abraçar, ou impeço-Lhe de aproximar-Se? «Oh não, eu procuro o Senhor!» – poderíamos replicar. Porém, a coisa mais importante não é procurá-Lo, mas deixar que seja Ele a procurar-me, a encontrar-me e a cobrir-me amorosamente das suas carícias. Esta é a pergunta que o Menino nos coloca com a sua mera presença: permito a Deus que me queira bem?”

Feliz Santo Natal 2019 e o ano 2020 seja marcado no compromisso com o nosso único Mestre Jesus.