Pe. Claudio Pighin

Comunicação é o fundamento existencial da relação humana


A comunicação, o grande desafio do nosso tempo, é o fundamento existencial da relação humana, que tem o poder de fazer passar tal relação da essencial à existência, do intemporal (sem tempo) ao histórico. O destinatário assim procede em direção à meta de se tornar, não somente o que recebe comunicação, mas também que comunica. É um sujeito que procura e cria, determinado aprender a ser. É um laboratório de cor, sentimento, fantasia, razão, que o faz sujeito receptor e transmissor.

Como destinatário da comunicação audiovisual e telemática, vive hoje imergido numa realidade flutuante, composta e heterogenia, experimentado o assim chamado conhecimento empírico. No entanto, não pode se tornar um recipiente, mas um filtro. Este é possível, se sabe se tornar no mesmo tempo comunicador e receptor. Este é o desafio que se apresenta hoje. Porém, não podemos negar a grande importância que têm os instrumentos da comunicação social em promover a unidade e o progresso da família humana.

A Igreja é consciente de tudo isso, como confirma o decreto conciliar Inter Mirífica (entre as maravilhas) e o constante magistério pontifício.

Não obstante, o progresso da tecnologia precisa reconhecer que o nosso tempo, e também a mídia, é marcado por um difuso sentido de insegurança. É a insegurança que gera os seus medos. Em cada época, o ser humano teve os seus medos. Por exemplo, a época da civilização agrícola. Neste sentido, foi justamente relevado que o medo foi induzido pelo mundo externo: medo do cosmo com a sua imprevisibilidade gera insegurança. Isso levava a uma tensão fortemente mirada na busca das leis da natureza para dominar. Nesta perspectiva, a abertura ao religioso era reconhecida e gerava na boa e na má sorte aquela solidariedade que, infelizmente, hoje falta na era midiática.

Passando do medo cosmológico àquele que hoje podemos chamar de medo antropológico, o beneficiado pelas comunicações sociais se acha angustiado por um sentido de desorientação. O tempo da telemática é, portanto, contraposto por um sentido geral de mal estar existencial, que constitui aquilo que chamamos de medo do ser humano contemporâneo. Ocorre, portanto, sermos preparados mentalmente para enfrentar esta situação de poder que seduz e, ao mesmo tempo, faz medo. Nunca como nos nossos dias precisamos nos questionar sobre o futuro da humanidade e operar em primeiro lugar na mídia um mundo livre da irracionalidade e do arbítrio do poder. A partir dos últimos tempos, podemos constatar que temos cada vez mais liberdade para as nossas necessidades. Ao mesmo tempo, somos dependentes do progresso e dos seus custos.