MP libera mais áudios de conversas entre envolvidos na Operação Senhores da Fome
Acusados de se apropriarem de recursos da merenda escolar combinam distribuição de merenda escolar entre eles e recebimento de propinas. Em um desses áudios, um acusado diz que “estaria tranqüilo” porque o advogado dele é vice-presidente da OAB e amigo do Promotor.

O Ministério Público liberou mais áudios de conversas entre os envolvidos na Operação Senhores da Fome, deflagrada em conjunto pela Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF/AP) e Ministério Público Estadual (MP/AP) no dia 31 de outubro deste ano em Macapá e em vários outros municípios do estado, revelam o esquema montado por servidores públicos para o desvio de recursos e distribuição de merenda escolar entre eles, além do recebimento de propinas. Em um desses áudios, um dos acusados, Daciel da Cunha Alves, afirma que “está tranqüilo” porque o advogado dele “é o vice-presidente da OAB e é amigo do promotor de Justiça”.
As investigações apontam o envolvimento de 50 diretores de escolas e outros servidores da secretaria de estado da Educação (Seed) no desvio de metade dos recursos de um contrato de R$ 3 milhões e 200 mil destinados à merenda escolar em vários municípios amapaenses. A Operação cumpriue quatro mandados de prisão temporária, sete mandados de condução coercitiva, um dos quais em desfavor da ex-secretária de Educação Conceição Medeiros e 18 mandados de busca e apreensão.
A interceptação dos áudios de conversas telefônicas entre os investigados foi autorizada pela Justiça Estadual a pedido do MP/AP, tendo como alvos o empresário Elivaldo da Silva Santos, Proprietário da empresa E. Silva Santos LTDA, então fornecedora de merenda escolar nas escolas da rede estadual e o irmão dele, Rafael dos Santos Ferreira, também funcionário da empresa; Daciel da Cunha Alves, membro da Cooperativa Agroindustrial de Produção de Alimentos do Amapá (Agrocoop); Deodato Coutinho Lima, que exercia na época o cargo de gerente do Banco do Brasil; Joel Lopes dos Santos, funcionário da Escola Estadual Professora Nanci Nina Costa; Amélio da Silva Trindade, diretor adjunto da Escola Maria de Nazaré Pereira Vasconcelos; Maria do Rosário Costa Leite, então diretora da Escola Estadual General Emílio Garrastazu Médici; e, Vânia Regina Ferreira de Figueiredo, professora da Escola Estadual Professora Maria Cavalcante de Azevedo Picanço.
Em uma das gravações Elivaldo da Silva Santos comenta com Daciel que a troca dos gêneros alimentícios in natura (legumes, verduras, açaí etc…) por produtos industrializados é melhor e mais econômico pra ele. Também falam sobre a substituição do termo de recebimento dos produtos por uma declaração. Outro áudio mostra um diálogo entre Elivaldo e Deodato Lima. O primeiro, de posse dos cheques assinados em branco, conversa com o então gerente do Banco do Brasil, que se compromete a verificar os saldos das contas e informar a Elivaldo para que este preencha os cheques dos caixas escolares.
Uma gravação mostra Daciel da Cunha Alves afirmando a um homem não identificado que a situação da Agrocoop “está complicada” após denúncia feita ao Ministério Público Estadual. Outra conversa interceptada revela Elivaldo Santos articulando com Joel Lopes dos Santos para que “todos falem a mesma versão para evitar contradições”, na tentativa, segundo o MP/AP, de atrapalhar as investigações. Em outro áudio Amélio da Silva Trindade orienta Rafael dos Santos Ferreira, fornecedor de merenda escolar, a desviar parte dos produtos para sua casa, determinando que sejam entregues na escola somente as verduras.
Em outra gravação Daciel da Cunha Alves fala sobre um golpe que pretendem dar na Agência de Fomento do Amapá (Afap) e seu interlocutor, que não foi identificado, diz a ele para formarem um grupo de golpistas. Em outro áudio Maria do Rosário Costa cobra de Edilson dos Reis Lima a entrega de material da merenda escolar que nunca foi entregue na escola Emílio Garrastazu Médici. Em outra gravação, Elivaldo da Silva Santos e Vânia Regina Ferreira de Figueiredo comentam sobre propina a ser paga, possivelmente, para os responsáveis do setor de licitação da Seed.
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