José Sarney

Coisa boa é o tempo, que, como já disse muitas vezes, é uma invenção do homem.


Ano novo é sempre um instante de esperança no futuro. O meu avô não dava bola para as festas do fim de ano, alegando que o Ano Novo para ele era sempre o dia do seu aniversário, para completar: “gosto de festa e com cerveja”. Viveu 96 anos e sempre dizendo que o bom ano era o ano que passara, pois esse ele já vivera e contabilizara.

Lembro do velho Assuéro porque foi para o Maranhão na seca de 21, no século passado, e recitava uns versos que naturalmente trazia de violeiros dos sertões da Paraíba, melhor ainda, do Ingá do Bacamarte, onde se criou — que tinha fama de terra violenta, e de que se dizia que só se matava mais gente do que ali no Catolé do Rocha (outro município paraibano).

Eis os versos: “Eu vi a cara da fome / Na seca de 21 / Ô bicha da cara feia / Só mata a gente em jejum.” Aqui montou roça, e louvava sempre o Maranhão dizendo: “Se a minha alma tiver vergonha nunca mais sai do Maranhão. Ô terra boa. Já tive até um neto que foi Governador.”

Mas a verdade é que, meu avô à parte, sua lógica era perfeitamente defensável, porque costumamos falar sempre muito mal do ano que finda. Repetimos suas mazelas e sempre o julgamos ruim. Mas nem sempre o Ano Velho é ruim e benditos somos nós que o vemos passar.

O ano de 2017 terminou sendo o ano em que saímos da maior recessão de nossa história, em que tivemos a maior safra agrícola de todos os tempos, em que os juros saíram da taxa de dois dígitos e em que a inflação chegou a ser a mais baixa das ultimas décadas. O Brasil começou a gerar empregos e o velhinho apoiou a luta contra a corrupção com muitos dados positivos da atuação do poder Judiciário.

Nossa esperança é que 2018 supere estes dados, mas nem por isso deixamos de ressaltar que as coisas começaram a mudar a orientação das setas durante o andar sempre infinito do tempo.

Em 2018 temos a Copa do Mundo, em que podemos alcançar o hexacampeonato e mais uma estrela na camisa canarinho. Vamos desejar que o King Kong II, da Coreia do Norte, possa criar juízo e deixar de brincar com brinquedos perigosos, querendo jogar bomba em todo lugar e que o Trump também pare de brincar no twitter, jogando bobagens a torto e a direita. Vamos esperar ainda que os Estados Unidos tomem a decisão de acabar com esse costume de todo mundo andar armado, resultando nesses massacres em escolas e outros lugares públicos, como aconteceu em Las Vegas, com dezenas de pessoas mortas.

Mas quem nos salva e nos protege de todos esses males e perigos é Deus e seu filho, que veio à terra, assumiu a condição humana, no primeiro dia do ano foi circuncidado segundo o costume judaico e recebeu o nome de Jesus, como tinha sido anunciado pelo anjo quando anunciou a Maria sua gravidez.

Que o Criador nos ajude e, ao agradecermos a graça da vida no ano que passou, peçamos que dê um Ano Novo muito bom para todas as brasileiras e todos os brasileiros.

Vamos acompanhar o velho Assuéro, com muita alegria, boas festas e felicidade.