Nilson Montoril

O freio do Brasil é o tranco


Tenho dito freqüentemente em meu programa de rádio, que tem o mesmo titulo desta coluna, que o Brasil é um país onde prevalece uma condenável prática de gestão pública que os franceses chamam de laisser-faire (deixar fazer) ou laisser-aller (desleixo, indolência; facilidade em ceder). À conta de interesses políticos e pessoais, a maioria dos gestores públicos que sequer possui experiência necessária para conduzir o governo e ocupar cargos e funções, cumpre mandatos eletivos na base do erro e acerto, assessorados por quem procura demonstrar conhecimentos éticos e morais, mas se revelam conhecedores de ações que acabam desembocando em improbidades administrativas. Como, em nome da democracia, as pessoas que deveriam fiscalizar tais gestores não o fazem, a omissão se evidencia e a conivência prepondera. Quem deve fiscalizar precisa manter-se equidistante de questões partidárias, principalmente aquelas que são impedidas por lei de fazê-lo. Porém, o que vemos são elementos que se intrometem em questões de gestão municipal, estadual e federal, procurando preparar terreno para futuras incursões em cargos eletivos.
Ao longo da existência do Brasil Colônia, Brasil Império e Brasil República os anarquistas lutam para ter um lugar ao sol. Sem possuir cacife para atuar sozinhos, se acomodam à sombra dos políticos que os acolhem e os prestigiam para usufruírem deles em suas ações perniciosas de afrontar os adversários e agredir a ordem pública.

No Amapá, não precisamos recuar tanto para comprovarmos que esta verdade também é latente no setentrião brasileiro. São sobejamente conhecidos os baderneiros que prestam serviços a políticos que só visam seus próprios interesses e tomam como inimigos os gestores que os substituíram na condução da coisa pública ou não lhes dão a mínima bola. Estes políticos se aproveitam de manifestações reivindicatórias que pretendem ser ordeiras pela maioria de seus participantes, mas acabam manchadas pela onda de terror que os inconseqüentes espalham no sei da comunidade macapaense, obrigando a Polícia Militar a colocar em prática sua ação repressiva consagrada em lei. Na última quarta feira, dia 19 de junho de 2013, os baderneiros tentaram invadir o Palácio do Setentrião e quebraram vidraças do Centro de Convenções João Batista de Azevedo Picanço, da Junta Comercial do Amapá, da Secretaria de Administração, da Prefeitura Municipal de Macapá e de diversos estabelecimentos comerciais. Indivíduos depredadores, usando máscaras e panos enrolados no rosto, já indicavam bem a intensão de esconder o rosto para não serem identificados enquanto cometiam seus desatinos. Eles também conduziam armas branca, cartuchos para espingardas calibre 12, estoques, armas de fogo de fabricação caseira, bombas e coquetéis molotov. Mais de 60 menores foram apreendidos, quase todos drogados. Defensores da liberação da maconha mostravam faixa reivindicando total liberdade para usá-las, como se fosse proibido fazê-lo. Usuário já dispõe dessa liberdade, mas os velhacos querem mesmo é comerciá-la. Curioso é que os anarquistas e baderneiros se queixam da Polícia Militar.

Querem que o Bope dê refresco para quem desrespeita a ordem pública? Há um velho ditado que afirma: “quem dá moleza pra vagabundo é cozinheiro de presídio”. Os policiais cumprem uma missão espinhosa porque ficam expostos à sanha criminosa dos agitadores que vão a essas passeatas imbuídos do propósito de causar pânico e destruir o patrimônio público e privado. Seria desgraça plena da sociedade se a polícia não agisse da forma repressiva que a lei lhe garante. Quem disse que a polícia tem que distribuir flores a quem lhe arremessa espinhos e impropérios ofensivos? A repressão tem que ser feita na proporção certa para fazer cessar a truculência. Quem não se envolve em tumulto não é atingido pelo spray de pimenta, cassetetes e bombas de efeito moral como as que contêm o gás lacrimejante. Apanham os que se juntam aos marginais.