Pe. Claudio Pighin

De onde me virá socorro?


“Para os montes levanto os olhos: de onde me virá socorro”? O salmo 120 das Sagradas Escrituras inicia assim, proclamando a grande confiança do fiel ao seu Deus: “O meu socorro virá do Senhor, criador do céu e da terra”. É o fiel peregrino que levanta o seu hino de louvor ao Senhor da vida. Por que o monte? O ‘monte’ representa a cidade santa, Sião, qual grande desejo do peregrino que anda pelos caminhos tortuosos das colinas e dos vales para alcançar essa meta. Logo em seguida, o salmo celebra o Deus que vigia, porque guarda com toda atenção o seu fiel.

Dos versículos de 3 a 8, emerge o verbo ‘guardar’. A imagem de atalaia é apresentada como aquela que toma conta o tempo todo: dia e noite: “não há de dormir, nem adormecer”. Para melhor entender isso, o salmista faz referência aos pastores que tutelam dia e noite o próprio rebanho dos assaltos. Assim é o máximo Pastor, Deus, em relação aos seus fiéis. O Senhor não descansa, de jeito nenhum, para defender o seu rebanho. Outra colocação é a famosa ‘estar à direita’, que significa o defensor, que tendo na sua esquerda o protegido, com a direita pode impugnar a espada para acudir o amigo.

Além disso, tem mais uma interpretação: no processo judicial, o acusado tinha o seu advogado à direita. Deus é também aquele que guarda o caminho cotidiano do sol quente e da luz da lua. Assim sendo, o desejo do peregrino é aquele de ser protegido pela sombra divina. Por que o autor acrescenta a luz da lua? No antigo Oriente, e também em outras culturas, os raios lunares eram considerados perigosos à saúde. Só para resgatar também uma fala que se costuma dizer entre nós: ‘aquele fulano é lunático’, é pra dizer que a pessoa tal tem um modo estranho de se comportar, inconstante.

Deus, portanto, nos liberta dos perigos do dia e da noite: “De dia, o sol não te fará mal; nem a lua durante a noite”. E terminando o salmo salienta: “O Senhor te resguardará de todo o mal; ele velará sobre tua alma. O Senhor guardará os teus passos, agora e para todo o sempre”. Uma expressão bíblica que indica a vida toda. De fato, a nossa vida não é tudo isso? Caminhos certos e incertos que se experimentam ao longo da nossa temporalidade. Cada momento da nossa vida está sob o olhar do nosso Deus que vigila a nossa breve passagem terrena, mas igualmente sobre o futuro misterioso da imensidade da nossa vida que acontece depois da irmã morte.

E o papa Francisco disse para o II dia mundial dos pobres, 18.11.2018, o seguinte: “O Senhor escuta os pobres que clamam por Ele e é bom para quantos, de coração dilacerado pela tristeza, a solidão e a exclusão, n’Ele procuram refúgio. Escuta todos os que são espezinhados na sua dignidade e, apesar disso, têm a força de levantar o olhar para o Alto a fim de receber luz e conforto. Escuta os que se veem perseguidos em nome duma falsa justiça, oprimidos por políticas indignas deste nome e intimidados pela violência; e contudo sabem que têm em Deus o seu Salvador.”